Os países da União Europeia chegaram nesta segunda-feira (19) a um acordo político para impor um teto de 180 euros por megawatt-hora (MWh) nos preços do gás natural, medida que busca atingir uma das principais fontes de arrecadação da Rússia e minimizar o uso da energia como arma de guerra pelo regime de Vladimir Putin.
O acordo foi aprovado por maioria qualificada em uma reunião ministerial dos Estados-membros em Bruxelas, na Bélgica, após meses de discussões sobre a melhor forma de frear a disparada dos preços do gás natural no bloco, movimento que é resultante da invasão russa à Ucrânia.
O valor decidido pelos países fica bem abaixo da proposta feita pela Comissão Europeia, poder Executivo da UE, em novembro: 275 euros/MWh. No entanto, as nações que lideram a campanha pelo teto defendiam um limite ainda menor, por volta de 100 euros/MWh.
A Alemanha, sempre reticente a mecanismos de controle de preços, votou a favor dos 180 euros, enquanto Áustria e Países Baixos, também céticos quanto ao teto, se abstiveram. Já a Hungria, país mais pró-Rússia na UE, votou contra.
O instrumento entrará em vigor em 15 de fevereiro, mas apenas se os preços do gás natural na bolsa de Amsterdã ultrapassarem os 180 euros/MWh por três dias consecutivos. Além disso, a diferença em relação a uma série de referências globais precisará ser superior a 35 euros.
A Itália, maior defensora do teto na UE, reivindicou a responsabilidade pela medida. “É uma vitória da Itália, que acreditou e trabalhou para alcançarmos esse acordo”, disse no Twitter o ministro do Meio Ambiente e da Segurança Energética, Gilberto Pichetto.
“É uma vitória dos cidadãos italianos e europeus que pedem segurança energética”, acrescentou.
Atualmente, o preço do gás em Amsterdã está por volta dos 110 euros/MWh, o que já é reflexo do acordo em Bruxelas – em agosto, o índice chegou a superar a barreira dos 340 euros/MWh.
A Rússia, no entanto, já ameaçou interromper as exportações para países que aderirem ao teto.