A preocupação maior do PDT, partido que moveu a ação contra o ex-presidente, era que o julgamento fosse feito após a saída de Benedito Gonçalves. O ministro deixa o TSE em novembro e passará o cargo de corregedor-geral eleitoral para Raul Araújo, que é mais simpático a Bolsonaro.
Neste cenário, avaliam fontes ligadas ao processo, Araújo poderia manobrar para levar o caso de Bolsonaro ao plenário somente quando houvesse um cenário mais favorável ao político do PL. Ou seja, quando outros ministros que deram votos contrários a Bolsonaro deixassem a Corte. Em 2026, por exemplo, a Corte Eleitoral será presidida pelos ministros Nunes Marques e André Mendonça, indicados pelo ex-presidente.
A expectativa do PDT é que, com o recurso rejeitado pelo TSE e depois pelo STF, a possibilidade de Bolsonaro recuperar a elegibilidade se tornaria inexistente.
Abuso de poder político
Bolsonaro foi condenado por realizar uma reunião com embaixadores em julho de 2022, a pouco mais de dois meses das eleições. Nela, o ex-presidente atacou, sem provas, a credibilidade do sistema eleitoral. O encontro foi transmitido pela estatal TV Brasil.
A maioria dos ministros considerou que Bolsonaro conduziu o evento com intuito de atingir a legitimidade do sistema eleitoral, usando do cargo e da estrutura da Presidência para esse objetivo, ao mesmo tempo em que buscava obter vantagens eleitorais.