By Enquanto os Estados Unidos discutem um possível bloqueio do TikTok, um aplicativo irmão faz sucesso pelo mundo: o CapCut, de edição de imagens. Ambos pertencem à empresa chinesa ByteDance.
Nas últimas semanas, a plataforma superou a rede de vídeos em downloads nos EUA, segundo o jornal The Wall Street Journal (WSJ). O CapCut também foi o quinto mais baixado no mundo em 2022: 357 milhões de vezes, de acordo com o site Business of Apps, focado na cobertura de aplicativos.
Ele foi o único do tipo a integrar o top 10 dessa lista. Os demais são rede social, app de mensagens e game. Confira a seguir detalhes sobre a origem da ferramenta e os motivos que a tornaram febre entre os usuários – influencers ou não.
Nem rede social, nem só vídeos
- CapCut se encaixa no que alguns especialistas chamam de “tool app” (“app ferramenta”, em tradução livre). Sua utilidade não é ter um fim em si, mas fazer vídeos para serem publicados em outros aplicativos.
- É uma versão ocidentalizada do app chinês Jianying, lançado originalmente pela empresa Shenzhen Lianmeng – o TikTok é uma versão similar e adaptada da rede chinesa Douyin.
- Foi comprado pela ByteDance em 2018 por US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão).
- Em 2020, foi lançado em sua versão ocidental, chamada CapCut.
- O perfil do app de edição no TikTok tem 9,3 milhões de seguidores e 2,8 milhões de curtidas.
Capcut já é mais baixado do que o TikTok
Imagem: Reprodução
Atualmente, o app de edição tem cerca de 200 milhões de pessoas diariamente no Ocidente, segundo informações da Diandian, empresa de Xangai que monitora o uso de aplicativos em diferentes países, destacou a reportagem do WSJ.
O número não se compara ao 1 bilhão de pessoas que o TikTok disse acessar mensalmente a rede de vídeos (dado de 2021). Contudo, não deixa de ser um feito e tanto para um aplicativo de edição de vídeos.
Por que o CapCut atrai?
1. É gratuito e fácil de usar
Até pouco tempo atrás editar um vídeo exigia o uso de programas pesados de computador (na maioria das vezes, pagos), além de ter que contratar profissionais do setor para materiais mais complexos.
Com a ferramenta é possível montar em minutos vídeos, juntar fotos e fazer parte das trends (tendências) — do TikTok, Reels (do Instagram) e YouTube Shorts.
Dá ainda para fazer a conversão de fala em texto em questão de segundos.
Conta do CapCut no TikTok
Imagem: Reprodução
2. TikTok promove app irmão
Existem outros aplicativos de edição de imagens gratuitos. O sucesso do CapCup, porém, conta com ajuda extra.
Quando exibe vídeos editados no CapCut, por exemplo, o TikTok mostra um botão extra, com frases como “experimente este modelo” e “edição facilitada”.
O botão chama a atenção de quem assiste e, ao clicar nele, a pessoa é direcionada para o CapCut, permitindo que ela explore os diferentes recursos disponíveis para criar conteúdo.
3. Músicas gratuitas
O CapCut também tem uma grande coleção de músicas livres de royalties, que podem ser utilizadas como trilha sonora dos vídeos, bem como um alto número de efeitos sonoros.
4. Filtros imersivos
Alguns filtros dos quais o CapCut dispõe impressionam: é o caso do “zoom 3D”, cujo efeito parece ser uma “imersão” numa imagem estática. Nenhum outro app de edição de fotos parece ter conseguido fazer um efeito parecido ainda.
5. Inovação no radar
Segundo o Wall Street Journal, um dos próximos projetos do CapCut será o lançamento de uma função com inteligência artificial para gerar vídeos em segundos, ao se inserir apenas uma frase no app.
Irmão de app polêmico
Por enquanto, o CapCut parece estar passando isento das polêmicas recentes envolvendo o TikTok.
O governo de Joe Biden tem pressionado a ByteDance a vender sua participação no TikTok, sob risco de ter seu app banido. O motivo? Alegação de risco de segurança e privacidade.
Por ser de propriedade de uma empresa da China, alguns governos ocidentais suspeitam de que ele seja usado por autoridades chinesas para coletar indevidamente informações de seus usuários – isso não foi provado até o momento. A rede de vídeos segue com algum tipo de limitação no app em ao menos 32 países.
Enquanto isso, a reportagem do Wall Street Journal destaca que os dados coletados pelo CapCut, segundo sua política de privacidade, são comuns comparados a outros aplicativos de edição. Eles incluem os vídeos e fotos colocados na ferramenta pelos seus usuários, assim como sua localização, gênero e data de aniversário.
Tal qual o TikTok, o CapCut afirmou ao jornal que mantém os dados coletados de norte-americanos em servidores nos próprios EUA e em Singapura. Ou seja, eles não estão na China.
