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Stalking: quando espiada online vira perseguição e violência no mundo real – 02/02/2023

Stalking: quando espiada online vira perseguição e violência no mundo real – 02/02/2023

Aquela espiada digital entre namorados pode ir muito além do ato de fuçar curtidas e comentários dos parceiros em redes sociais. Existe uma variedade de programas espiões (conhecidos como stalkerware) usados por pessoas mal intencionadas para monitorar 24h por dia a vida do outro.

Assim que instalados, alguns deles dão a localização geográfica em tempo, abrem acesso a mensagens trocadas, fotos e até mesmo conversas no mundo real. Os mais avançados conseguem capturar imagens das câmeras do celular sem que a vítima perceba.

“Os stalkerwares são usados unicamente com o objetivo de espionagem, ou seja, o outro deseja saber com quem o parceiro andou, com quem falou, quais apps abriu, quanto tempo ficou aberto, o que ela fez nos apps”, ressalta Vinicius Garcia, professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (Cin-UFPE).

A situação é tão delicada que entidades foram criadas para ajudar as vítimas e difundir informações sobre os programas espiões, como é o caso da Coalizão Contra Stalkerware, que reúne empresas de segurança digital e organizações de combate à violência contra a mulher.

Segundo levantamento feito pela empresa de segurança digital Kaspersky, uma das integrantes da organização, 24% das pessoas entrevistadas disseram já terem sido perseguidas graças à tecnologia. Uma em cada quatro pessoas que passaram por isso já sofreu algum tipo de abuso ou violência física ou moral na vida fora das telas.

A pesquisa aponta ainda que 44% dos brasileiros têm receio de que o parceiro seja capaz de violar sua privacidade digital, ainda que 70% dos entrevistados não enxerguem essa prática como uma atitude aceitável.

Segundo Christina Jankowski, gerente sênior de relações externas da Kaspersky, a divulgação e levantamento de dados sobre o problema podem ajudar a desenvolver ações preventivas, antes que a prática violenta no mundo físico venha a se concretizar.

Como agem os stalkers

O professor Garcia afirma que, basicamente, duas formas de instalar programas espiões são comuns:

  1. O parceiro o instala manualmente no celular da vítima, sem que a pessoa saiba. A senha pode ser repassada de maneira espontânea – quando a pessoa ingenuamente a declara para o parceiro – ou ele pode ficar observando a vítima digitá-la para decorar a combinação.
  2. O dono do aparelho inadvertidamente instala o app clicando em link enviado pelo parceiro achando que trata-se de algo confiável.

Sinais de alerta

Quando um programa espião está rodando em segundo plano no celular, é mais difícil descobri-lo, mas não é impossível. Alguns comportamentos do aparelho podem indicar um alerta para a possível existência de um malware:

  • Dispositivo superaquecendo
  • Bateria acabando rapidamente
  • Aparelho reiniciando com frequência
  • Quando o pacote de dados acaba mais rápido que o normal
  • Mudança no visual com ícones desconhecidos
  • Suspeita que alguém acessou o celular recentemente
  • App acessando o rastreamento GPS, mensagem de texto, gravações de chamadas ou outras atividades pessoais. Para verificar isso, revise as permissões dos programas instalados
  • No histórico do navegador: presença de sites desconhecidos ou ausência do histórico

“Aparelhos com sistemas operacionais mais modernos indicam quando existe um app acessando a câmera, o microfone, o GPS, os dados, bem como o histórico dos navegadores. Esses são indícios mais claros para detectar que possivelmente tem uma coisa estranha acontecendo em seu aparelho”, alerta Garcia.

Espionagem é crime

Muita gente não se deu conta ainda, mas vasculhar o celular alheio pode ser configurado crime.

A Lei Carolina Dieckmann (12.737/13) proíbe a invasão de celulares, tablets e computadores, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação de segurança com o fim de obter informações sem autorização.

Se ficar comprovado o posterior roubo e vazamento de dados, a pena pode chegar a dois anos de prisão.

Já a Lei 9296/96 determina regras sobre interceptação telefônica. Ela prevê multa e pena de dois a quatro anos de prisão para quem acessar indevidamente “comunicações telefônicas, de informática ou telemática” sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Ou seja, é crime espionar, por exemplo, as ligações telefônicas feitas pelo(a) parceiro(a).

Dicas para se proteger

  • Instale aplicativos apenas de lojas oficiais (Apple Store, Amazon, Play store, Amazon);
  • Nunca clique em links desconhecidos. Em muitos casos, um link recebido esconde a instalação de programas maliciosos;
  • Nunca salve arquivos recebidos sem saber o que eles são. Recebeu um vídeo? Pergunte para quem o enviou do que ele se trata. Se certifique de que é mesmo um vídeo antes de fazer o download em seu celular;
  • Altere as configurações de segurança do seu dispositivo móvel se estiver saindo de um relacionamento. Um(a) ex pode realizar tentativas de adquirir suas informações pessoais para te manipular;
  • Troque a senha do dispositivo com frequência e evite compartilhá-las;
  • Esteja sempre com o celular próximo;
  • Mantenha habilitado os recursos de proteção e segurança para instalação e monitoramento de app;
  • Para desbloqueio do aparelho, opte pelas senhas alfanuméricas complexas e evite ativar o telefone através de digitais, pois o mal intencionado pode habilitar a própria digital com o fim de acessar qualquer app.

*Com informações da matéria de Bruna Souza Cruz.

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