Aposta do Disney+ para entrar na “guerra” entre produções de fantasia, Willow foi uma oportunidade de ouro encontrada nos cofres do estúdio do Mickey. Iniciada ainda nos anos 1980 com Willow: Na Terra da Magia (1988), a franquia produzida por George Lucas (Star Wars) tem um universo rico em história e personagens carismáticos, o que a torna um respiro para aqueles que enjoaram de assinar a plataforma apenas para assistir aos títulos do Marvel Studios.
Mesmo que (muito) menos reconhecida do que obras como O Senhor dos Anéis e Game of Thrones (2011-2019), Willow sempre teve potencial para crescer além do filme lançado há mais de 30 anos. Foram décadas até que Jon Kasdan, showrunner da atração e fã do material original, convencesse Lucas e os executivos da Lucasfilm a deixá-lo resgatar este universo e expandir a história que teve início com a jornada do jovem anão (ou newlyn) Willow Ufgood (Warwick Davis), que se torna o responsável por guiar e proteger Elora Danan, bebê predestinada a salvar o mundo das forças das trevas.
Com a febre de revivals e reboots que tomou Hollywood nos últimos anos, Kasdan contava com vários bons e maus exemplos de como ressuscitar uma franquia. Sem reinventar a roda, Willow provou que o showrunner sabia exatamente o que fazer: entregar o bom fan-service sem se esquecer de enriquecer ainda mais um universo tão querido por muitos fãs.
Na trama da série, o final feliz apresentado em Na Terra da Magia foi apenas momentâneo. A derrota da perversa vilã Bavmorda (Jean Marsh) não representou o fim das forças das trevas no mundo mágico, o que significa que a profecia envolvendo Elora Danan ainda não havia sido cumprida. No entanto, com a nova rainha Sorsha (Joanne Whalley) culpando a magia por tudo de ruim que já aconteceu em seu reino, ela baniu os feiticeiros e afastou Willow da criança que ele havia jurado proteger.
Erin Kellyman e Ruby Cruz
Divulgação/Disney+
Situada anos depois do longa original, a série de Willow resgata o universo da franquia com a mesma fórmula vista em revivals como o da nova trilogia de Star Wars. Um grupo de heróis totalmente novo se une a personagens clássicos para mais uma vez tentar salvar o dia, encarando aventuras que trazem antigos amigos e expandem ainda mais os limites narrativos vistos há 30 anos.
Assim como Mark Hamill, Harrison Ford e Carrie Fisher (1956-2016) retornaram mais como mentores do que como protagonistas de Star Wars, Warwick Davis cumpre a mesma função na série do Disney+. Agora um feiticeiro veterano nos moldes de Gandalf, o anão é o elo que une a franquia e prepara o terreno para que os novos rostos consigam brilhar.
Os novatos, inclusive, são a grande força da série. Mesmo que a narrativa tropece ao longo de sua primeira temporada, com diálogos pobres e efeitos especiais abaixo daquilo que os fãs da Marvel estão acostumados, Kasdan e sua equipe de roteiristas fazem um ótimo trabalho na construção dos personagens. Na comparação com Star Wars, Warwick Davis cumpre sozinho a função de fazer a passagem de bastão ao novo time.
Sozinho porque Val Kilmer, que viveu o valente e malandro espadachim Madmartigan no longa original, não pôde participar da primeira temporada por problemas de saúde. Desta forma, quem assume o papel de nova dupla protagonista que leva toda uma jornada para aprender a se respeitar são Elora Danan (Ellie Bamber) e Kit (Ruby Cruz).
Ruby Cruz e Ellen Bamber
Divulgação/Disney+
Elora, cujo segredo da identidade é um dos grandes trunfos da série, passou a vida inteira sem saber de sua importância mística para o universo. Já Kit, filha de Madmartigan e Sorsha, é a princesa guerreira que sonha em fugir das tradições do reino e viver à sua maneira, ao mesmo tempo em que sofre com a ideia de que seu pai desapareceu por dar preferência à criança predestinada.
É gratificante acompanhar a evolução das duas, que vão de rivais a aliadas sem parecer que a narrativa está pulando etapas. Ao lado da aspirante a cavaleira Jade (Erin Kellyman), o ladrão-espadachim Boorman (Amar Chadha-Patel) e o príncipe Graydon (Tony Revolori), elas lideram o time de novatos em uma das tramas de fantasia mais envolventes entre os lançamentos de 2022.
Se o longa original deixou os fãs da franquia com um gostinho de “quero mais” durante três décadas, a série de Willow cumpre bem a função de matar esta vontade. Apesar de imperfeita, a primeira temporada faz um bom trabalho no resgate da franquia e na expansão de um universo que promete ter ainda mais histórias interessantes para acompanhar em possíveis novos episódios.
Willow – 1ª temporada
Trailer legendado