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Rombo de R$ 20 bilhões

Rombo de R$ 20 bilhões

A varejista Americanas divulgou ontem em comunicado ao mercado que encontrou inconsistências em seus balanços financeiros da ordem de R$ 20 bilhões. O CEO da empresa, Sérgio Rial, renunciou ao cargo.

O que se sabe até agora sobre o rombo das Americanas

  • A empresa diz que encontrou inconsistências na conta fornecedores. A inconsistência é da ordem de R$ 20 bilhões. Os lançamentos são de anos anteriores, inclusive de 2022.
  • A empresa diz também que encontrou dívidas com instituições financeiras para financiamento de compras, da mesma ordem de R$ 20 bilhões, que não aparecem da forma devida em suas demonstrações financeiras.
  • A empresa ainda está apurando os fatos, portanto a dívida estimada pode sofrer ajustes.
  • A empresa diz que o problema tem um efeito limitado no caixa da empresa.
  • Em evento com investidores, o ex-CEO Sérgio Rial disse que há inconsistências no registro desses valores no balanço, mas que eles foram pagos. Portanto, segundo ele, não há impacto no caixa no curto prazo.
  • Ele afirmou que o problema se arrasta por ao menos mais de quatro anos, mas disse não saber exatamente quanto tempo.
  • Rial declarou que a questão está relacionada a operações de risco sacado, que não eram lançadas como dívida.
  • O risco sacado funciona como uma antecipação de recebíveis. É quando o fornecedor recebe o pagamento pelo produto vendido antes do prazo estipulado.
  • Por exemplo, se as Americanas vão pagar por um lote de televisores em 60 dias, o fornecedor pode ir ao banco e receber esse valor antecipadamente, com algum desconto.
  • O risco de distorções nas operações de risco sacado já era previsto em ofício da CVM em 2016.
  • Segundo o ofício da CVM, a distorção ocorre quando a empresa compradora “não reconhece um passivo junto ao banco, mas sim um passivo na linha “fornecedores”. Assim, “a companhia compradora consegue distorcer sua real situação financeira”, diz o ofício.
  • O correto, em casos como esse, é que a transação seja explicitada nas notas explicativas das demonstrações financeiras da companhia. Já o passivo com bancos deve ser reconhecido como tal no balanço, diz a CVM.
  • Em comunicado em vídeo, Rial disse que o caso não trata de inconsistências que foram deixadas de fora do balanço. “A primeira grande conclusão é que não estamos falando de um número que está fora do balanço”, disse.
  • Portanto, segundo ele, o problema não seria de omissão de dívida no balanço, mas sim de lançamentos feitos de forma distorcida.
  • Ele disse ainda que o problema gera uma necessidade de capitalização da empresa, de valor não divulgado.
  • Hoje o patrimônio líquido da empresa é de R$ 14,7 bilhões, menor portanto que os R$ 20 bilhões. A dívida com fornecedores declarada no balanço mais recente é de R$ 5 bilhões.

O que não se sabe

  • Não se sabe quanto desses R$ 20 bilhões são de fato uma dívida, quanto foi lançado da maneira incorreta nas demonstrações financeiras e quais os ajustes necessários a serem feitos.
  • A empresa também não diz como esse montante será remanejado nos balanços e qual será o efeito disso nas contas.
  • Não se sabe também qual o prazo de pagamento desse montante, e o quanto isso compromete a saúde financeira da empresa no curto prazo.
  • Outra dúvida que fica é qual o efeito disso na relação da empresa com os bancos. O próprio Rial disse em seu comunicado que um dos riscos é “a interrupção dessa linha de financiamento a fornecedores pelos bancos”.

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