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Quem pagou a restauração da catedral Notre-Dame de Paris?

Quem pagou a restauração da catedral Notre-Dame de Paris?


Igreja reabre esse final de semana, cinco anos após incêndio que destruiu parte do monumento; dinheiro da reforma veio de 340 mil doadores de 150 países. Catedral Notre-Dame de Paris.
Getty
A catedral Notre-Dame de Paris reabre suas portas neste fim de semana, cinco anos após o incêndio que destruiu parte do monumento.
A reconstrução da igreja só foi possível graças à mobilização de peritos, especialistas e artesãos em várias áreas, mas também a doações vindas do mundo todo e que financiaram esse canteiro de obras que deve entrar para a história.
Na noite de 15 de abril de 2019, a torre da catedral de Notre-Dame desabou diante dos olhos do mundo.
O incêndio, que tomou conta do monumento, provocou uma onda de emoção mundial e, rapidamente, no dia seguinte da tragédia, centenas de milhões de euros já haviam sido coletados por quatro organismos selecionados pelo Estado francês. O dinheiro veio de 340 mil doadores de 150 países.
Nem todos contribuíram com os mesmos montantes e a lista dos grandes doadores logo foi revelada. Ela inclui algumas empresas, mas também personalidades entre as mais ricas da França, como Bernard Arnault, dono do grupo líder mundial do setor do luxo LVMH, que doou € 200 milhões, ou ainda a família Bettencourt, proprietária da L’Oréal, que contribuiu com o mesmo valor.
Em seguida estão François Pinault, CEO do grupo de luxo Kering, concorrente direto de Arnault, e a gigante do petróleo Total, que pagaram € 100 milhões cada.
Outras grandes empresas também abriram o talão de cheques, assim como algumas as organizações e instituições públicas locais, desde os conselhos regionais até a própria prefeitura de Paris, que colocou a mão no bolso.
Muitas doações também vieram do exterior. Com um total de € 62 milhões, os americanos foram os mais generosos, atrás apenas dos doadores franceses.
Generosidade muitas vezes criticada
No entanto, essa generosidade foi logo criticada. A abundância de doações, em um momento em que França estava saindo da crise dos “coletes amarelos”, um movimento social que denunciava os baixos salários e o alto custo de vida, não foi vista por todos com bons olhos.
E essa generosidade foi ainda mais contestada quando se soube que ela dava direito a uma redução de 60% nos impostos, graças a um nicho fiscal que beneficia os mecenas na França.
Diante dessa vantagem fiscal, muitos ricos foram acusados de se aproveitarem do incêndio para fazer doações e, portanto, pagar menos impostos. Alguns contribuintes chegaram a renunciar a essa dedução fiscal para evitar as críticas.
Mais de € 800 milhões coletados e retorno esperado no turismo
No total, € 846 milhões foram coletados, dos quais “apenas” € 700 milhões foram usados na reforma da catedral até agora. Os quase € 150 milhões que restam serão gastos em outras restaurações externas da igreja.  
As somas colossais se justificam, quando se sabe a importância de Notre-Dame para o patrimônio mundial, mas também para o turismo francês. Antes do incêndio em 2019, a catedral era o segundo local mais visitado na França, recebendo 13 milhões de pessoas por ano, atrás apenas da Disneylândia de Paris.
Sua reabertura, portanto, é muito esperada pelo setor do turismo francês e parisiense. Embora a entrada no monumento sempre tenha sido gratuita, existe todo um ecossistema econômico que certamente será revitalizado.
De velas vendidas na catedral a visitas guiadas, passando por lojas de lembrancinhas, até os cafés e restaurantes em volta do monumento, os resultados econômicos podem ser contabilizados em dezenas de milhões de euros.
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