Entre os nomes que vão compor o grupo de trabalho da Educação no gabinete de transição do novo governo está o da socióloga Maria Alice Setubal, a Neca Setubal. Ela é herdeira e acionista do Itaú Unibanco, com fortuna estimada em R$ 1,8 bilhão, segundo lista de 2021 da Forbes.
Próxima à deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), ela foi escolhida por conta de sua atuação na área de educação, não por sua relação com o banco. Neca, inclusive, chegou a participar de um encontro liderado pelo ex-ministro Fernando Haddad (PT) para fazer um raio-X do Ministério da Educação.
A socióloga é presidente do conselho consultivo da Fundação Tide Setubal, uma ONG (Organização Não Governamental) que oferece cursos e projetos culturais em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, e presidente do Conselho de Administração do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), referência na produção de material didático.
Trajetória. Neca Setubal nasceu em São Paulo, em 29 de março de 1951. Formada em Ciências Sociais e mestre em Ciência Política pela USP (Universidade de São Paulo), além de doutora em Psicologia da Educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), ela é filha do empresário Olavo Setubal, que foi prefeito de São Paulo e responsável pelo crescimento do Itaú, do qual foi um dos maiores acionistas.
Nos anos 1970, Neca foi professora na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Depois, ocupou funções no IBECC (Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura da USP), no Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e no Banco Mundial, sempre relacionadas à educação. Também fez trabalhos para o Ministério da Educação nos anos 1990, durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Neca é autora de diversas obras, muitas delas sobre educação. Em 2006, com o livro “Cortes e Recortes da Terra Paulista”, a socióloga ganhou o Prêmio Jabuti na categoria “didático ou paradidático do ensino fundamental e médio”.
Atuação na política. Em 2014, Neca Setubal foi uma das principais apoiadoras de Marina Silva (Rede) na eleição para a Presidência, tendo trabalhado como coordenadora do plano de governo da então candidata. Na época, assim como Marina, a socióloga chegou a ser alvo de ataques do PT, o que classificou como “agressivo, desproporcional e injusto”.
A situação, porém, já foi superada, segundo disse Neca em recente entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo“. “Foi algo muito agressivo, desproporcional e injusto. Obviamente mais contra Marina, mas eu fui um alvo bastante forte e claro que não foi bom. No fim da campanha de 2014 eu estava com estafa, mas fui me recuperando. E isso para mim passou, página virada, entendeu? Em 2018, eu já tinha superado totalmente”, afirmou.
Em 2022, assim como Marina, a socióloga declarou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.
“Não sou petista de carteirinha, mas, neste momento, Lula é a única liderança capaz de reconstruir esse país. Não porque eu acho ele o ideal, não é isso. Mas eu acho que, neste momento, é a única liderança capaz de conversar, negociar e fazer essa frente ampla”, explicou na entrevista.