Rápido no gatilho, Alexandre de Moraes, o xerife do TSE, abateu em menos de 24 horas a penúltima manobra golpista do Alvorada. Arquivou a representação do PL de Valdemar Costa Neto contra o placar do segundo turno da eleição presidencial. Multou em R$ 22,9 milhões, por litigância de má fé, a coligação bolsonarista —PL, PP e Republicanos. Moraes acertou no ritmo e no tamanho da paulada. Mas sua decisão poupou Bolsonaro. E doeu no bolso errado: o do contribuinte.
Toda crise tem uma fatalidade própria. A principal excentricidade da crise atual é a delinquência acéfala, a máfia sem capo. Cadê o chefe? Está entrincheirado no bunker do Alvorada. Reuniu-se com Valdemar. Avalizou a petição contra 279 mil urnas. Mas não foi punido. Pode-se alegar que não assinou a petição. Os hierarcas do PP e do Republicanos também não subscreveram a peça. Mas seus partidos terão que rachar com o PL a multa milionária.
Se a decisão de Moraes ficar em pé, os milhões da multa serão pagos com verba pública do fundo partidário. São dois eufemismos, expressões mais agradáveis que as pessoas utilizam quando precisam suavizar o peso de palavras mais duras. Mas como eufemismo não paga multa, verba pública e fundo partidário são, neste caso, sinônimos de bolso do contribuinte. Quer dizer: Bolsonaro e Valdemar cometem o crime. Mas quem paga a multa é você, não eles.
Moraes mandou bloquear o fundo partidário do PL, PP e Republicanos até que a multa seja quitada. Será divertido observar nos próximos dias a gritaria dos sócios arrastados para dentro da encrenca criada por Valdemar. Mas a diversão seria maior e mais justa se o CNPJ das legendas fosse trocado pelo CPF dos seus dirigentes, incluindo o de Bolsonaro no rol dos multados. O bunker do golpe opera num mundo próprio. Nele, a República virou monarquia. Reina no Alvorada a impunidade.