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Publicitário é condenado por aplicar golpes de até R$ 45 mil em amigos

Publicitário é condenado por aplicar golpes de até R$ 45 mil em amigos

O publicitário Pedro Luiz Vergamini Dias, 26, foi condenado em dois processos por aplicar golpes com sites de apostas esportivas. Em um dos casos, a vítima perdeu R$ 45 mil. Nas redes sociais, ele se dizia vizinho do filho da “mulher da casa abandonada” e ganhou mais seguidores por isso.

COMO ERA O GOLPE DAS APOSTAS ESPORTIVAS

  • Segundo suas vítimas, Pedro Vergamini puxava assuntos aleatórios com seguidores por mensagem privada no Instagram.

  • Depois se apresentava como consultor em sites de apostas esportivas, oferecia seus serviços de apostador em partidas de tênis e prometia lucro em menos de uma semana. Cobrava comissão de 10% do valor total.

  • Ele orientava a pessoa a criar uma conta no site e pedia acesso ao login e senha. Assim, sabia informações pessoais, como RG, CPF e endereço.

  • Depois de supostamente apostar, ele pagava um valor simbólico para conquistar a confiança da pessoa e pedia mais dinheiro.

  • Dias mais tarde, Vergamini afirmava que estava apostando, dizia que ganhou ou perdeu dinheiro e assegurava que realizaria o pagamento.

AMIGA PERDEU QUASE R$ 45 MIL

O UOL ouviu oito vítimas. Entre elas, Clarice (nome fícticio) foi a que mais perdeu dinheiro: cerca de R$ 45 mil.

  • Ela conhecia o publicitário e o considerava um amigo. Eles também têm amigos em comum.
  • Entre fevereiro e março de 2021, fez vários depósitos para Vergamini, com a promessa de lucros cinco vezes maiores, mas não recebeu nada e entrou na Justiça.

Eu me senti coagida porque ele me ligava de madrugada e dizia que eu tinha que depositar mais dinheiro para receber tudo de volta. Entrei no cheque especial para me livrar disso, sujei meu nome, me prejudiquei. Busquei psiquiatra porque achei que ia entrar em depressão
Clarice

AMIGO DE INFÂNCIA CAIU NO GOLPE

  • O consultor de marketing Daniel Pandini era amigo de infância de Pedro Vergamini. Foi procurado pelo publicitário no Instagram.
  • Inicialmente duvidou da proposta, mas confiou em Vergamini por causa da amizade. Ele transferiu R$ 2.000 com a promessa de receber R$ 2.930 em menos de uma semana.
  • Vergamini começou a atrasar o pagamento e parou de mandar mensagens. O consultor também entrou na Justiça.

Não desconfiei porque ele é de uma família de alto poder aquisitivo. Ele se esquivava da cobrança, só aí percebi que caí em um golpe.
Daniel Pandini

O QUE A JUSTIÇA DECIDIU ATÉ AGORA*

  • Pedro Vergamini foi condenado em primeira instância e podia recorrer, mas perdeu o prazo.

  • Para Clarice, tem de pagar R$ 44.647,21, com correção monetária e juros, além de indenização por danos morais de R$ 5.000.

  • Pandini deve receber R$ 3.383,74 com correção monetária, juros e honorários.

  • A defesa de Clarice pediu o aumento do valor da indenização para R$ 10 mil.

  • No processo de Pandini, a Justiça determinou o bloqueio das contas de Vergamini; ao todo, R$ 1.073,81 foram bloqueados.

  • Vergamini não apresentou defesa em ambos os processos e está impossibilitado de recorrer.

  • O cumprimento das sentenças pode demorar para sair porque a Justiça realizará tentativas de encontrar bens no nome de Vergamini. Existe o risco de ele não pagar as vítimas.

O QUE A POLÍCIA CIVIL DIZ SOBRE A INVESTIGAÇÃO

A delegada do 78º DP (Distrito Policial) responsável pela investigação, Denise Prado, diz que o acusado não foi encontrado.

  • A Polícia Civil intimou Vergamini duas vezes e ele não se apresentou na delegacia em nenhuma delas.

  • Os oficiais alegam dificuldade para localizar o endereço de Vergamini em São Paulo. Atualmente, ele estaria vivendo em Santos.

  • A pena para o crime de estelionato é de 1 a 5 anos de prisão; e a de apropriação indébita é de 1 a 4 anos.

  • A reportagem tentou por diversas vezes entrar em contato com Pedro Vergamini. Ele não respondeu a nenhuma das tentativas por telefone e e-mail. Em um dos números atribuídos ao publicitário, uma mulher que se identificou como Camila afirmou não o conhecer.

O QUE OUTRAS SUPOSTAS VÍTIMAS DIZEM

Eu conheci o Pedro por causa das lives que ele fez sobre a Margarida [Bonetti, do podcast A mulher da casa abandonada] e ele falou das apostas, que eu poderia ter o estilo de vida dele. Ele me cobrava o envio de mais dinheiro para cobrir as apostas, senão eu perderia tudo.
Carla (nome fictício), que declara ter depositado R$ 5.000

O Pedro conta histórias tristes [para justificar a falta de pagamento]. Ele disse que ficou internado em um hospital psiquiátrico, que tomava remédios para depressão. Acho que ele não tem empatia pelas pessoas.
Mara (nome fictício), que diz ter perdido R$ 700

Ele me pediu dinheiro emprestado para apostar porque disse que tinha uma multa para pagar. Eu acompanhei os jogos e as apostas e vi que ele perdeu tudo. Ele mentiu dizendo que as partidas estavam suspensas por causa de chuva.
Ana (nome fictício), que conta ter transferido R$ 300

VERGAMINI GANHOU SEGUIDORES COM ‘A MULHER DA CASA ABANDONADA’

  • Publicitário que vive entre São Paulo, no bairro de classe alta de Higienópolis, e a cidade de Santos (SP).

  • O seu nome repercutiu nas redes sociais após fazer lives no Instagram em que contou fofocas sobre a família de Margarida Bonetti, retratada no podcast “A Mulher da Casa Abandonada”. de quem seria vizinho.

  • Ele exibe um padrão de vida bom, com fotos de viagens no exterior, mas recebeu R$ 4.200 de auxílio emergencial divididos em cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300 entre abril e dezembro de 2020, segundo o Portal da Transparência.

*O advogado criminalista Frederico Brusamolin, do escritório Brusamolin Advogados, ajudou o UOL na análise dos processos movidos contra o publicitário.

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