Nuvem com formato de elefante, mancha com o “rosto de Jesus”, torrada “sorridente”. Certamente você já “enxergou” alguma imagem num objeto, alimento, no céu. Esse fenômeno é chamado de pareidolia, e define a percepção de uma imagem a partir de um estímulo aleatório.
É algo totalmente psicológico, que não ativa nenhuma área definida do cérebro. A ciência ainda não descobriu porque isso acontece, mas acredita-se que esteja relacionado à nossa capacidade de detectar rostos desde pequenos, devido à nossa herança evolutiva.
A pareidolia é também consequência de como o cérebro processa informações, já que ele está constantemente vasculhando linhas, formas, cores e superfícies para dar significado a elas. Em alguns momentos, ele funcionaria praticamente como uma câmera que tenta detectar faces nas fotos a partir de padrões já determinados (e nem sempre isso funciona).
Ou seja, nosso cérebro é treinado para ver rostos, mesmo quando eles não estão lá.
A “aparição” de imagens sacras, como a de Nossa Senhora, Madre Teresa de Calcutá ou Jesus Cristo em pães, manchas ou biscoitos é algo muito comum e, cientificamente, também creditado à pareidolia. Em pessoas religiosas, aliás, o fenômeno é mais comum.
A pareidolia também acontece quando observamos o céu. Além das nuvens, é muito comum ouvir relatos de imagens na Lua. E o interessante é que as imagens variam de acordo com a região: no Brasil, é comum “ver” São Jorge lutando contra um dragão; já na Índia, veem a imagem de uma mulher deitada, a mãe de todas as coisas vivas. Nos EUA, a figura mais vista é o rosto de um homem; no Japão, um coelho. Tudo efeito da pareidolia.
O fenômeno psicológico rende, no mínimo, histórias curiosas. Em 1994, uma norte-americana mordeu um sanduíche de queijo e notou que ele parecia ser uma imagem da Virgem Maria. Diana Duyser guardou o resto do sanduíche por mais de uma década e depois o leiloou por US$ 28 mil.
Fonte: Péricles Maranhão Filho, neurologista e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Nouchine Hadjikhani, cientista da Universidade de Harvard (EUA); Kang Lee, psicólogo da Universidade de Toronto; Sophie Scott, da University College de Londres.