Desde que revelou seu rombo bilionário, as ações da Americanas já perderam mais de 90% de seu valor. Mas em alguns pregões, a ação sobe. O papel fechou em alta nos últimos quatro dias, desde o dia 23. Hoje, 27, a alta é de 9,71%, e o papel está cotado a R$ 1,13 às 14h50.
Existem basicamente dois tipos de investidores que estão comprando os ativos da varejista no momento, apesar de toda sua condição desfavorável. O primeiro é o que aposta que a ação caiu além do que deveria e deve subir no médio e longo prazo.
Outro investidor é o especulador, que busca lucrar com a instabilidade da ação no curto prazo.
O que está acontecendo com a ação?
- A ação alcançou o valor mínimo histórico no dia 20, quando chegou a valer R$ 0,71.
- Do dia 11 de janeiro até a mínima, a ação chegou a perder 94,08% do seu valor, segundo Einar Rivero, da Trademap.
- Desde a mínima, já subiu 45,07%, considerando o preço do fechamento do dia 26, de R$ 1,03. Considerando o valor de hoje às 14h50, a alta é de 59,15%.
- Mas ainda vale cerca de 10 vezes menos do que valia no dia 11, antes da divulgação do rombo contábil.
Será que a ação caiu demais?
O mercado não consegue precificar quanto realmente vale hoje a empresa: vai ser preciso uma auditoria fazer o balanço para saber quanto ela realmente deve
Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital, de Goiânia
Há investidores, segundo Martins, que acreditam que a queda na ação foi dramática demais. Assim, eles compram a ação agora apostando nessa correção para cima do valor da empresa nos próximos meses.
Investidores também especulam com a ação
A palavra especulador é meio pejorativa, mas esse é um investidor profissional que faz uma operação chamada ‘short squeeze‘
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira
Como funciona a operação ‘short squeeze’? É um aluguel de ações, em que o investidor pega ações emprestadas de outro investidor pagando uma taxa.
Por exemplo, uma ação custa R$ 10 quando o investidor a aluga. Ela se valoriza para R$ 12 – e o investidor que a alugou a vende, com lucro de R$ 2, menos a taxa do aluguel.
Porém, em algum momento o investidor precisa devolver a ação para o dono original. Esses especuladores esperam o preço cair novamente para recomprá-las – mais uma vez com lucro – e só depois devolvem a ação para quem as alugou.
Geralmente, os especuladores trabalham assim com ações que eles acreditam que terão uma grande variação em um período curto de tempo, o que pode ser o caso das Americanas.
Como a situação da empresa não está nada definida, notícias sobre novas dívidas, aquisição ou aportes dos donos ou de outros investidores podem fazer o preço dos papéis subir e descer.
Esse sobe e desce da ação vai vai continuar por muito tempo?
Bem difícil dizer, mas a tendência, segundo Rafael Schmidt, operador de renda variável da One Investimentos, é que a poeira só baixe realmente quando o mercado tiver as informações de um balanço confiável em mãos.
Isso vai ser rápido ou não? Não sabemos. Mas enquanto houver essa especulação toda, os boatos vão continuar brotando.
Rafael Schmidt, One Investimentos
E o investidor pessoa física, o que deve fazer com a ação das Americanas?
A sugestão é ficar de fora. “Eu venderia e ficaria olhando de longe esse movimento todo. Mas tem os que gostam de se arriscar”, afirma Schmidt.