Uma arqueóloga britânica encontrou uma pegada de um dinossauro carnívoro gigante enquanto caminhava na praia, em Yorkshire, na Inglaterra. Pesquisadores acreditam que a impressão captura o exato momento em que a criatura se agachou para descansar, cerca de 166 milhões de anos atrás. A descoberta resultou num estudo, que foi publicado na revista Proceedings of the Yorkshire Geological Society na última terça-feira (14).
Yorkshire é conhecida como a “Costa dos Dinossauros” do Reino Unido e milhares de pegadas e fósseis já foram encontrados na região. A descoberta em questão foi feita pela arqueóloga Marie Woods, enquanto caminhava ao longo da costa.
“Eu não podia acreditar no que estava vendo, tive que olhar duas vezes. Já vi algumas pegadas menores quando estava com amigos, mas nada como isso. Não posso mais dizer que ‘arqueólogos não trabalham com dinossauros'”, disse Woods em um comunicado.
A arqueóloga procurou o paleontólogo Dr. Dean Lomax, cientista visitante honorário da Universidade de Manchester, para saber sua opinião sobre a descoberta. No dia anterior, Lomax, que foi coautor do estudo, havia compartilhado uma imagem de uma pegada de dinossauro encontrada na mesma área, em 2006.
“Marie entrou em contato comigo enquanto estava na praia, com o fóssil à sua frente”, disse Lomax, que também é autor de “Dinosaurs of the British Isles” (em português, “Dinossauros das Ilhas Britânicas”).
Ele conta que, de início, pensou que a imagem era algum tipo de piada. “O fato de Marie ter saído e encontrado isso na praia parecia impossível. Além disso, ela é uma arqueóloga, e nós sempre brincamos que um dia ela faria uma incrível descoberta paleontológica”, revelou.
Evidência rara de dinossauro do período Jurássico
As evidências apontam que a pegada de três dedos, que mede quase um metro, pertence a um megalossauro, um dos maiores predadores da época. Ela é uma das únicas seis pegadas de megalossauro encontradas na região. A primeira descoberta foi feita em 1934.
“Essa importante descoberta acrescenta mais evidências de que gigantes carnívoros já percorreram esta área durante o período Jurássico”, disse o principal autor do estudo e geólogo local, John Hudson.
Oficialmente, o megalossauro foi o primeiro dinossauro do mundo, nomeado em 1824, depois que ossos foram descobertos no condado de Oxfordshire, na Inglaterra. A espécie tinha um crânio grande, armado com dentes afiados e serrilhados, e podia atingir até nove metros de comprimento.
Preocupada com a possibilidade de a pegada sofrer mais erosão na costa, a equipe providenciou que ela fosse movida dali e doada ao a um museu.
“Agora que o espécime foi estudado, há planos para que ele seja exibido ao público, para despertar a imaginação da próxima geração de caçadores de fósseis”, afirma Lomax.
Os pesquisadores puderam estudar a pegada em detalhes assim que ela foi realocada, o que permitiu que eles aprendessem mais sobre o dinossauro que deixou a impressão para trás. Foi feita a análise do formato da pegada, número de dedos e marcas de garras, além das impressões feitas pela pele do dinossauro.
“A característica mais intrigante da nossa pegada é uma longa porção preservada na parte de trás do pé, que é uma impressão do que chamamos de metapódio. Isso pode sugerir que nossa grande fera estava agachada na lama, antes de se levantar e ir embora. É divertido pensar que esse dinossauro poderia estar passeando por uma planície costeira lamacenta em uma preguiçosa tarde de domingo no Jurássico”, brinca Lomax.