Músico e compositor deixa parcerias com Ronaldo Bastos, gravadas por Milton Nascimento, Olivia Hime, Boca Livre e o próprio Tom Jobim. ♪ OBITUÁRIO – Paulo Hermanny Jobim (4 de agosto de 1950 – 4 de novembro de 2022) pareceu ter vivido 72 anos sem ter sentido o peso de ser filho de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994), um dos maiores compositores do mundo em todos os tempos. Talvez porque tenha herdado do pai a leveza e a sensibilidade no trato com a música.
Também músico, compositor e arranjador, além de arquiteto preocupado com o meio ambiente, Paulo Jobim jamais se dissociou da obra de Tom, de quem foi o filho primogênito.
Vítima de complicações decorrentes de câncer na bexiga, Paulo Jobim deixa – ao morrer hoje aos 72 anos, na cidade do Rio de Janeiro (RJ) – inestimável legado na preservação da obra soberana do pai, tendo tido atuação decisiva na criação e gestão do Instituto Antonio Carlos Jobim, fundado em 2001 para preservar a música de Tom.
Paulo também deixa o próprio cancioneiro autoral, além de um filho músico, o pianista Daniel Jobim, instrumentista enturmado com a geração de músicos cariocas do século XXI.
Como compositor, Paulo Jobim fez músicas como A Mantiqueira range, letrada por Ronaldo Bastos e lançada por Tom em 1973 – quando Paulo tinha somente 23 anos – e Céu de estio (1980), outra parceria com Ronaldo Bastos, esta apresentada em disco da cantora Olivia Hime.
Poeta associado primordialmente ao Clube da Esquina, Bastos foi o parceiro mais frequente de Paulo Jobim, também tendo assinado com o compositor as músicas Olho d’água (1978), Saci (1980) e Samba do Soho, lançadas por Milton Nascimento, pelo grupo Boca Livre e por Tom Jobim, respectivamente.
Sozinho, Paulo Jobim compôs Valse, música lançada por Tom no álbum Urubu (1976). Com Tom, Paulo criou Forever green (1987), composição que uniu pai e filho na defesa do meio ambiente, assunto recorrente nas obras e nas vidas de ambos.
Integrante do Quarteto Jobim Morelenbaum, Paulo Jobim deixa ainda discos gravados com Mario Adnet e com Família Caymmi que sintetizam o amor com que lidou com o cancioneiro de Tom, ciente de que jamais poderia se igualar ao inalcançável pai na área musical.