Na quarta-feira (07/12), foi relatado por fontes do governo russo que uma das respostas consideradas por Moscou é a proibição total da venda de petróleo a países que apoiaram o teto de preços, inclusive se comprarem petróleo da Rússia por meio de países intermediários. No entanto, tal cenário pode modificar a posição de negociação de importantes compradores alternativos, como Índia e China.
Segundo o economista Zubarev, partindo do pressuposto que a Rússia não venderá petróleo para países europeus e priorizará as exportações para a China e Índia, estes países também podem se recusar a comprar petróleo pelo preço do mercado.
“Se o petróleo custar US$100 (o barril), e como a Rússia é proibida de usar caminhões-tanque europeus e usar os serviços das empresas de seguro, então esses países vão olhar e falar: ‘Nós estamos dispostos a comprar o petróleo de vocês não por US$ 60, mas talvez um pouco mais caro, mas não pelo preço mundial, pois como grandes atores, se não quisermos comprar por US$ 65, quem então vai comprar?’. Então eles têm uma posição de negociação. Tem a Rússia, que pode oferecer petróleo mais barato, e os outros, que podem se recusar a comprar”, explica.
O pesquisador aponta que ainda é cedo para avaliar o impacto das medidas do Ocidente para embargar o petróleo russo, sobretudo porque as eficiências das sanções depende da oscilação do preço do petróleo. Um aumento no preço do petróleo pode compensar a diminuição dos lucros.
“Mas é preciso entender que o petróleo é um produto muito específico. Apenas a Arábia Saudita pode ‘desligar a torneira’ se quiser mais petróleo ou menos petróleo, outros países produtores de petróleo não podem, pois o petróleo está sendo bombeado. Se algum país começou a bombear petróleo em algum ponto, quer dizer que muito dinheiro já foi investido e será preciso ir até o final do processo, pois interrompê-lo também é muito caro”, argumenta.
Já o presidente do Instituto de Energia e Finanças, Marcel Salikhov, citado pelo portal Meduza, argumenta que as medidas de embargo ao petróleo russo pelo Ocidente acabaram tendo um efeito suave. Ele faz um prognóstico de que as exportações de petróleo devem sofrer um “colapso bastante forte em janeiro-fevereiro, seguido de uma recuperação”.
De acordo com ele, um estudo do Instituto de Energia e Finanças aponta que no próximo ano as exportações russas de petróleo e derivados no total diminuirão cerca de 7% em volume físico.
“Isso não é muito e nem muito crítico do ponto de vista do orçamento russo. Desagradável, mas isso não é de forma alguma a perda de metade das receitas de petróleo e gás. O orçamento para o próximo ano prevê uma redução nas receitas de petróleo e gás de 11,7 trilhões para 8,9 trilhões de rublos, o que é esperado no final deste ano. A redução é significativa, mas não a ponto de não sobrar nada para pagar as pensões no país”, destaca.