Desenvolver um celular top de linha não é apenas reunir o que há de melhor de configurações e colocar tudo em um aparelho. É necessário agregar valor, como recursos espertos, além de um visual bacana.
O novo Moto Edge 30 Ultra reúne todas essas características. Tem o melhor processador da atualidade, conta com uma tela curva estilosa, carregamento ultrarrápido (15% a 100% em 20 minutos), tem alguns truques de software e câmera potente.
Falta o telefone ser à prova d’água (algo bem comum na categoria) e afinar algumas arestas nas experiências, como contar com mais recursos de vídeo.
Abaixo, falo um pouco de como foi usar o Moto Edge 30 Ultra nas últimas semanas:
Pontos Positivos
- Carregador mais rápido do mercado, de 125W (15 a 100% em 20 minutos)
- Visual premium bacana com tela curva
- Melhor kit de acessórios na caixa (fone de ouvido, capinha e carregador)
- Ótimo desempenho
Pontos Negativos
- Telefone muito “alto” — pegada é boa, mas alcançar cantos da tela é um pouco difícil
- Não é a prova d’água
- Tem bloatware (softwares de terceiros pré-instalados)
- Faltam bons truques de vídeo
Veredito
O Moto Edge 30 Ultra tem tela grande, ótimo processador, bom conjunto de câmeras e uma caixa cheia de acessórios. Um dos destaques justamente é o carregador que faz de 15% a 100% em 20 minutos — um dos tempos mais rápidos de carregamento do mercado. Fotos tiradas com o celular estão melhores, comparadas com o que a Motorola apresentou no passado, mas marca precisa ainda pensar em recursos de vídeo para se diferenciar.
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Um celular grande. É a primeira impressão ao pegar o Moto Edge 30 Ultra. A tela é de 6,67 polegadas (16,9 centímetros na diagonal), mas o aparelho em si não é tão largo, o que confere uma boa pegada ao usá-lo.
Quanto à altura, a questão é mais discutível. Ele é bem longo, com cerca de 16 centímetros. Para mim é um pouco grande, mas não é um problema para quem está acostumado com celulares gigantes.
O Moto Edge 30 Ultra é um sanduíche de vidro. Na parte da frente, o destaque fica para a tela curva, também presente no primeiro Moto Edge lançado há dois anos, o que dá um ar de sofisticação para o telefone, além de adicionar algumas funções.
Na parte de trás, também há vidro e um acabamento fosco. Além disso, tem as “asas de morcego”, que é o logotipo da Motorola. Por mais que pareça só algo decorativo, é possível configurar para que após dois toques nele, um app seja aberto.
A caixa da Motorola é a mais completa do mercado. Além do celular, vem fone de ouvido USB-C, cabo USB-C, um carregador ultrarrápido (falaremos mais dele adiante) e uma capinha transparente.
A tela curva não é necessariamente uma novidade. O primeiro Moto Edge+, lançado em 2020, já tinha o recurso. E mesmo a Samsung a utilizou em distintos modelos, como Galaxy S6 Edge, Galaxy S7, entre outros. Ela dá um certo ar de sofisticação e a impressão de “tela infinita”, como se o conteúdo transbordasse pelas laterais.
No Moto Edge 30 Ultra, a Motorola quis usar esta lateral da tela para as Edge Lights. Elas são notificações em forma de uma luz colorida que são exibidas ao receber chamadas, notificações de apps ou quando tocar um alarme.
Pode ser uma boa configurá-la para quando você estiver em uma reunião, com o celular virado para a mesa, no mudo. Dá para fazer com que a lateral fique laranja piscante quando alguém estiver realizando uma chamada, por exemplo.
Tudo isso é configurado nas Moto Ações, que permitem personalizar várias funções. Seria interessante se pudesse escolher notificações de apps específicos ou até de pessoas em particular. Por ora, a opção de cor é apenas para chamadas recebidas, alarmes e notificações de apps (de modo geral).
A tela é pOLED (tecnologia usada em celulares dobráveis e que traz qualidade semelhante à telas OLED) e tem bom nível de brilho, podendo chegar ao pico de 1.350 nits (medida de luminescência). Isso quer dizer que você não terá problemas em sacar seu celular num dia de sol e ver o conteúdo da tela.
Se você curte jogar, a tela tem taxa de atualização de 144Hz, o que confere mais realismo em games de muita ação. Para quem gosta de vídeo em 4K, o celular top de linha da Motorola oferece suporte a HDR10+.
O Edge 30 Ultra tem o processador Snapdragon 8+ Gen1, o mais sofisticado disponível em um celular até o momento. Na prática, ele abre os apps rapidamente e os jogos rodam sem nenhum problema.
Talvez o maior destaque é não sobreaquecer o celular durante jogatinas mais longas. Fiquei 40 minutos seguidos jogando Asphalt 9 e o corpo do aparelho se manteve numa temperatura agradável – um problema comum no passado era que os telefones começassem a “fritar” ao jogar por mais tempo.
O sistema é o Android 12 com algumas poucas modificações da Motorola. De cara, você vai se deparar com alguns programas já pré-instalados, como Shopee e Candy Crush – a boa notícia é que dá para removê-los sem grandes complicações.
Fora isso, há muitas formas de personalizar o telefone com as Moto Ações. Uma das minhas preferidas é abrir o WhatsApp após dar dois toques na parte de trás do telefone (dá para escolher este comando para controlar reprodução de música ou abrir o gravador de áudio, por exemplo). Tem ainda os clássicos gestos de agitar o telefone para ligar a lanterna, ou chacoalhar para abrir a câmera.
O Moto Edge 30 Ultra aguenta um dia todo de uso intenso com seus 4.610 mAh. Eu o tirava da tomada por volta das 6h20 e ele só pedia para ser recarregado, com 15%, por volta das 22h20.
Neste período, usei bastante o Instagram, Twitter, TikTok e o WhatsApp Web por meio de dados móveis. Na ida e na volta ao trabalho, ouvi pelo menos uma hora de podcast ou música em um fone Bluetooth. Está em linha com outros top de linha que conseguem ficar longe da tomada por até um dia de uso intenso.
Agora o que mais chama a atenção é carregador de 125W. Para começar, ele já vem na caixa – boa parte das marcas exige a compra separada. Ele é muito rápido, a ponto de ir de 15% a 100% em 20 minutos. A opção da Motorola é simplesmente o carregador mais rápido do mercado brasileiro. Era o tempo de deixar o telefone carregando, ir tomar banho, se trocar e ele já está pronto para um dia todo.
Ao todo, o Moto Edge 30 Ultra tem quatro câmeras:
- 200 megapixels com estabilização óptica (que ajuda a reduzir tremores durante filmagem)
- 50 megapixels (macro e ultra-grande angular, ou seja permite fotos de muito perto e em ângulo mais aberto)
- 12 megapixels (telefoto com zoom de até 2x)
- 60 megapixels (selfie)
As fotos com o sensor principal não saem por padrão com 200 megapixels – o que é ótimo, pois cada foto teria 25 MB (megabytes). A ideia é capturar o máximo possível de informações e transformar numa boa foto de 12 megapixels, que ocupa 2,7 MB.
Na prática, as fotos saem com ótima definição e bom nível de foco – em paisagens, por conter muitos elementos, é comum que ocasionalmente um ou outro item fique desfocado. No que diz respeito às cores, nas imagens em que há céu existe um certo exagero em tornar as cores mais quentes – não a ponto de transformar um dia nublado em um dia ensolarado, por exemplo. Mas o fato é que o sistema da câmera dá um leve tapa na foto.
Que fique claro: isso é proposital. A empresa diz que ouviu de consumidores que eles preferem imagens com tons mais quentes e cores mais vivas.
Pessoalmente, ainda acho que a Samsung carrega mais na “melhoria” artificial de imagens, mas as fotos tiradas com o Moto Edge 30 Ultra não ficam muito atrás no quesito beleza.
Fotos tiradas com o Moto Edge 30 Ultra
Em fotos noturnas, o resultado é satisfatório. Em cenas feitas à noite com iluminação pública, o celular captou os principais detalhes e dá uma leve estourada nas luzes, o que é comum.
Para quem gosta de fotos no modo retrato (aquelas com o fundo desfocado), o Moto Edge 30 Ultra faz uso dos diferentes sensores para que você veja qual melhor favorece os seus traços. É como se você pudesse escolher entre três distâncias (35mm, 50mm e 85 mm) para tirar uma imagem com fundo desfocado.
Vale ressaltar que a maioria das vezes os celulares têm lentes grande angulares. Na prática, este tipo de sensor é ótimo para paisagens, mas para rostos acaba fazendo, por exemplo, que seu nariz e testa pareçam maiores. Logo, ter essa opção de “diferentes distâncias” facilita saber de que forma suas fotos ficam melhores.
Para selfies, o sensor é de 60 megapixels, mas as imagens saem com 15 megapixels. Como no sensor principal, o celular tira uma foto “maior”, mas um algoritmo reduz a imagem (até para que não seja gerado um arquivo gigantesco) e 4 pixels viram um.
As fotos saem com boa qualidade em condições de iluminação favoráveis. Quando há pouca luz, a tela fica branca para ajudar a iluminar o rosto.
No que diz respeito a vídeo, o sensor principal da traseira tem um estabilizador óptico, o que ajuda a fazer vídeos mais estáveis. Porém, senti falta de mais recursos de gravação.
O telefone não tem, por exemplo, um modo de captura dupla nativo em vídeo (permitindo gravar com câmera selfie e traseira simultaneamente) ou modo retrato em vídeo. Pessoalmente, não uso muito esses recursos, mas dado que as pessoas usam muito o celular para postar em redes sociais, eles poderiam ser um diferencial.
Não custa lembrar que o Instagram nativamente tem uma opção à la BeReal, que possibilita fazer captura dupla da câmera selfie e do sensor principal da traseira.
Se você precisa transmitir algo para uma TV, o Ready For faz isso em alguns segundos. Disponível em alguns telefones da Motorola, o sistema usa a plataforma Miracast, que permite, por exemplo, compartilhar o conteúdo do celular na TV com poucos toques – tanto o celular quanto a TV conectada devem estar na mesma rede wifi.
A função de espelhamento é a minha preferida. Em poucos toques, você consegue transmitir o celular na TV. É uma boa para mostrar fotos ou vídeos na telona.
A função Ready For ainda permite conectar o celular a um monitor e usá-lo como um computador (para isso é necessário parear um teclado e mouse sem fio no smartphone) ou até como um console (aí você precisa parear um controle e transmitir o celular na televisão).
Além da TV, dá para conectar o celular via rede wifi ou USB no computador, facilitando a interação entre eles. Por exemplo, você pode copiar facilmente um arquivo do smartphone para o seu PC ou simplesmente usar a câmera do celular como webcam.
O Moto Edge 30 Ultra é para quem gosta de Androids top de linha, tem dinheiro para gastar e dá preferência por uma caixa que venha mais acessórios, como carregador, fone de ouvido, capinha e afins. Ele tem preço sugerido de R$ 6.299 à vista (a prazo ele custa R$ 6.999). No varejo é possível achá-lo até por R$ 5.999.
Utilizando-o, ele parece fazer frente ao Galaxy S22+ por causa do tamanho. No varejo, a opção da Samsung custa cerca de R$ 5.000 (com algumas lojas comercializando-o por R$ 4.500).
Se por um lado a opção da Samsung tem processador um pouco inferior (Snapdragon 8 Gen 1) e menos bateria (4.500 mAh x 4.610 mAh), o celular da empresa sul-coreana tem uma política de até quatro atualizações do Android (contra três deste modelo da Motorola) e mais truques de vídeo – como o que permite fazer vídeo selfie desfocando o fundo, por exemplo. Mas o carregador você compra à parte.