A advogada e apresentadora Gabriela Prioli afirmou, durante UOL Entrevista hoje, que o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem que atender durante o período de transição as demandas da frente ampla formada ainda na campanha eleitoral para evitar um descontentamento e consequente inclinação ao bolsonarismo.
A escritora diz que, por causa da gravidez, não tem acompanhado o noticiário como fazia, mas consegue perceber um descontentamento de pessoas que esperavam um aceno do PT à frente ampla formada por outros partidos já no governo de transição.
“Eu diria que o descontentamento dessas pessoas não pode ser ignorado. O PT precisa ter consciência que tem muita gente que votou no Lula sem querer votar no Lula. A gente não pode dizer: ‘Bom, agora que conseguimos os votos dessas pessoas, dane-se’. Até porque o bolsonarismo não morreu e o tempo passa bem rápido. 2026 – próximas eleições gerais – está ali na esquina”.
Durante a entrevista, Prioli também afirmou que associar toda a direita a atos antidemocráticos pode incentivar a ida de pessoas desse espectro a grupos extremistas. A advogada também citou os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que se manifestam em frente a quartéis pelo país contra a eleição de Lula.
“Se a gente pega e transforma tudo, todo um campo, num absurdo que a gente não pode legitimar a presença, as pessoas não têm onde ficar, e aí ficam no campo do absurdo. […] O que a gente precisa é entender essas pessoas [bolsonaristas que protestam em quartéis] para saber quais são suas demandas, frustações, se, de fato, entendem o significado do que estão propondo. Nem todo mundo ali entende o significado de pedir intervenção militar”.
‘Sou chamada de comunista, mas de liberal e de conservadora evangélica’, diz Gabriela Prioli
A apresentadora Gabriela Prioli ainda disse, durante o UOL Entrevista, que é chamada nas redes sociais de “comunista”, ao mesmo tempo em que é classificada como “liberal” e “conservadora evangélica”.
“Eu sou chamada de comunista, mas sou chamada de liberal e sou chamada de conservadora alinhada aos evangélicos. Inclusive, dizem que recebo dinheiro de lideranças evangélicas. Nunca caiu nada na minha conta, mas as pessoas falam. Essa é a realidade das redes”, diz.
Prioli afirma que o fato de lideranças de brasileiras não repudiarem regimes autoritários de esquerda incentivam esses tipos de alegações e o medo do comunismo ser implantado no Brasil.
“Faço críticas incisivas a lideranças que fazem concessões a regimes autoritários de esquerda, faço críticas a regimes de esquerda, e, ainda assim, as pessoas questionam: ‘não vai falar?’ Mas eu já falei! Por que as pessoas me cobram? Porque ainda existem pessoas que fazem essas concessões”, diz.
“E aí o medo do comunismo vai se estruturar no posicionamento dessas pessoas. Isso ajuda muito as pessoas que querem esvaziar toda a esquerda no mesmo ‘balaio’ de pessoas que querem implantar uma ditadura comunista no Brasil. Ajuda no discurso”, completa.
Assista abaixo a entrevista na íntegra: