O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, reagiu ao edital que marcou uma assembleia para a próxima semana com a intenção de destituí-lo, e agendou uma reunião da entidade para o dia 16 de janeiro.
Ao longo dos últimos dias, Josué ouviu presidentes de sindicatos que não assinaram o pedido de convocação do encontro, protocolado por sindicatos de menor porte que fazem oposição ao empresário. Eles sugeriram a Josué que a melhor estratégia para se contrapor ao movimento seria marcar uma assembleia para janeiro para ter mais tempo para ampliar o debate sobre o assunto.
Segundo apurou o Estadão, parte dos 86 sindicatos que assinaram a convocação da assembleia está “desavisada” e que, por isso, é preciso chamá-la para a mesa na tentativa de reverter a situação.
“Muitos sindicatos assinaram porque achavam que há pontos para serem melhorados na gestão, mas não para destituir o Josué”, disse uma das pessoas ouvidas.
A assembleia do dia 21 foi convocada após o atual presidente ter se negado a marcar o encontro depois da notificação de sindicatos recebida inicialmente em novembro.
No edital publicado ontem e assinado por Josué, há os itens que serão debatidos na assembleia – na prática, os mesmos pontos que tinham sido listados pelas 86 agremiações patronais oposicionistas. Esse grupo de entidades teria sido “pego de surpresa” com o edital, conforme apurou o Estadão. Procurada pela reportagem, a Fiesp não comentou.
O objetivo da assembleia convocada por Josué é para que ele preste esclarecimentos sobre reuniões em Brasília e a assinatura de manifesto pró-democracia ainda durante as eleições. O aval da entidade ao documento causou mal-estar entre os filiados, com a avaliação de que se tratava de um apoio à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A menos que Josué renuncie ao cargo, a única maneira de outro presidente assumir a Fiesp é por meio de uma assembleia.
Hoje, há três candidatos para substituir Josué Gomes: Rafael Cervone Netto, primeiro-vice-presidente e figura muito próxima a Paulo Skaf, que liderou a entidade por quase duas décadas e foi apontado como articulador do “levante” contra Josué; Dan Ioschpe (da Iochpe-Maxion), segundo-vice-presidente; e Marcelo Campos Ometto, terceiro-vice-presidente, também poderiam assumir.
Ainda não está claro qual edital irá prevalecer. O entendimento, nos bastidores, é de que o assunto poderá caminhar para uma judicialização.
Convite
Na quarta-feira, Josué esteve em Brasília para uma reunião com Lula e foi convidado para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que será recriado no novo governo.
O momento é de grande divisão na Fiesp. Um dos incômodos é o de que, em sua maioria, as entidades que fazem parte da federação (112, no total) são de pequeno porte – nos bastidores são chamadas de “sindicatos de gaveta”. Um dos movimentos é para que o estatuto da entidade seja revisto após a crise.