O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, fez críticas ao que chamou de ameaças nucleares “malucas” feitas pela Rússia nos últimos meses e afirmou aos líderes do G20, o grupo das economias mais desenvolvidas do mundo, que este é o momento para acabar com a “guerra destrutiva” iniciada pelo Kremlin contra o seu país há mais de oito meses.
Líderes das principais economias mundiais se reúnem para o encontro do G20, que começou às 22h desta segunda (9h de terça no horário local) em Bali, na Indonésia. Segundo o presidente do país anfitrião, Joko Widodo, a cúpula tem como objetivo discutir “economia e desenvolvimento”.
A Guerra da Ucrânia, que se prolonga por mais de oito meses, deverá ser um dos principais assuntos em debate. Também serão discutidas as crises econômicas desencadeadas pelo conflito, como o aumento no custo da energia e na inflação. Não à toa, o encontro é apontado como um dos mais importantes da história da organização.
“Estou convencido de que agora é o momento em que a guerra destrutiva da Rússia deve e pode terminar”, disse Zelenski, vestindo a habitual roupa verde, em um dos primeiros discursos do evento. Ainda que a Ucrânia não faça parte do G20, o presidente ucraniano foi convidado para a cúpula —ele participou por videoconferência.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também era aguardado, mas a sequência de reveses militares na Ucrânia e o mal-estar da presença entre uma plateia majoritariamente contrária à guerra o fizeram desistir de comparecer. Ele é representado pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, que em julho abandonou um encontro do mesmo G20 após ter sido ignorado por parte dos políticos no evento.
Em relação às ameaças nucleares feitas pela Rússia durante o conflito, Zelenski afirmou que “não há e não pode haver qualquer desculpa para esse tipo de chantagem”.
Na véspera, o presidente se juntou às comemorações pela retomada da cidade ucraniana de Kherson após oito meses de ocupação russa. O local havia sido tomado pelo Exército inimigo ainda no início da guerra, e é capital de uma das quatro regiões recentemente anexadas por Vladimir Putin ao seu território por meio referendos considerados ilegais pelo Ocidente.
A retirada das tropas russas da região é considerada uma da mais simbólicas derrotas de Moscou em seus quase nove meses de campanha militar contra o vizinho.
Com a guerra da Rússia contra a Ucrânia como pano de fundo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder da China, Xi Jinping, se encontraram pela primeira vez na segunda (14), às margens da cúpula. Embora os líderes já tenham estado juntos antes, sobretudo quando o democrata era vice de Barack Obama (2009-2017), com ele no poder só houve videoconferências —e algumas das cinco conversas tiveram tom duro.
Na saída das três horas de conversa, Biden tentou dar o tom. “Eu absolutamente acredito que não precisa haver uma nova Guerra Fria”, disse. “Nós vamos competir vigorosamente. Mas não estou buscando conflito, essa competição deve ser levada de forma responsável.”
Comunicados posteriores de ambos os lados falaram em manter aberta uma linha de comunicação direta, em um esforço para diminuir as tensões. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve ir a Pequim nas próximas semanas, e mecanismos de diálogo em questões envolvendo a emergência climáticas e finanças —suspensos após a extemporânea ida da presidente da Câmara dos EUA Nancy Pelosi a Taipé— serão retomados.
Em outro ponto de convergência, os dois líderes reiteraram que uma guerra nuclear nunca deve ser travada, em referência direta a ameaças recentes de Moscou, concordando que armas do tipo não podem ser usadas na Guerra da Ucrânia.