Muitas pessoas sonham em encontrar “O” investimento. Aquele que rende muito e que pode transformar qualquer um em milionário. Eu escuto com alguma frequência frases como:
A resposta para essas divagações é: Sim! Você teria ficado milionário se tivesse esses ativos na sua carteira por um longo tempo.
Com isso, é comum que pensemos que somos apenas azarados, porque, afinal de contas, não somos apresentados a oportunidades como essa no momento certo, de forma diferente de alguns sortudos que, assim, ficaram ricos.
Será que esse raciocínio faz sentido? Vou tentar te mostrar que não.
Na verdade, praticamente qualquer boa carteira diversificada, seja no Brasil, seja internacionalmente, teria o potencial de te deixar rico, com o devido prazo. O problema não está nos investimentos, mas no comportamento do investidor.
Vou dar exemplos:
A melhor gestora de renda variável do país, considerada assim por dez entre dez pessoas do mercado é a Dynamo. Seu fundo “Cougar” é uma lenda e, no ano passado, ele captou um bilhão de reais em poucos segundos no mercado, quando abriu novamente para captação. Se você tivesse investido nesse fundo um pouco antes da virada do século, estaria rico. Meros R$ 10 mil investidos lá teriam se transformado em milionário.
Você gostaria de ter investido lá, certo?
Talvez não.
Nesse período o fundo teve uma performance nada menos do que espetacular, mas isso não quer dizer que tudo foi um mar de rosas. Em 17 oportunidades, o fundo caiu mais de 10%. Em outras sete, caiu mais de 20%. Em cinco, mais de 30% e, por quatro vezes, caiu mais de 40%.
Minha pergunta para você é: Se tivesse investido nesse fundo, você não teria resgatado seus investimentos em um desses solavancos do mercado que, como você pode ver pelas quantidades, são tão comuns?
Não sei a sua resposta, mas sei que a maior parte das pessoas teria resgatado.
E esse não é um exemplo único: Você encontraria um comportamento muito similar no também famoso fundo Manacá, da Tempo Capital, nas próprias ações do Itaú, da Ambev e de muitos outros ativos —até do bitcoin, este com oscilações ainda maiores.
Esse não é um comportamento exclusivo dos brasileiros. Nós, seres humanos, não fomos feitos para nos comportarmos bem com relação aos investimentos. Estive recentemente em uma excelente palestra do Morgan Housel, autor americano do livro “A Psicologia Financeira”, e seus exemplos demonstram o mesmo comportamento. Ações da Netflix, do Google ou mesmo da própria Bolsa americana têm dinâmicas de preços como as que descrevi aqui, nos fundos locais. O pior é que os investidores americanos (ou de qualquer outro lugar do mundo) também têm um comportamento que não os ajuda a ganhar dinheiro. Todas essas opções teriam deixado os investidores milionários ao longo do tempo, mas quase todos não mantêm os investimentos e resgatam nos piores momentos.
O que nós queremos é um investimento que renda muito e que não oscile. Que todo dia nos mostre que temos mais, de forma constante e sem sustos. O problema? Isso não existe e, se alguém te oferecer algo parecido, fuja porque é golpe.
A solução, no meu ponto de vista, é trabalharmos o nosso comportamento, entendendo o real significado das oscilações de preços e, assim, eliminarmos aquela sensação de desespero que muitos de nós temos quando os investimentos caem. Pararmos de pensar em coisas como: “Vou esperar até quando? Até meu dinheiro sumir?”.
Em geral, temos medo do que não conhecemos, então, invista seu tempo para entender a diferença entre oscilação e risco de perder. Com isso, podemos melhorar nosso comportamento e aproveitarmos de verdade os bons investimentos.
Invista também na análise sobre seu fornecedor de investimentos: quem são, qual a experiência, resultados e, claro, quais os conflitos de interesse na relação.
A partir daí, monte uma carteira diversificada, de acordo com seu perfil e objetivos, deixe o tempo fazer seus milagres e evite o maior dos erros: o mau comportamento.
Boas escolhas!