Por Martin Coulter
LONDRES (Reuters) – O Facebook aprovou uma série de anúncios promovendo violência no Brasil, dias depois dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, de acordo com um novo relatório.
No início do mês, milhares de golpistas de extrema-direita apoiadores de Jair Bolsonaro depredaram o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, causando milhões de reais em prejuízos ao patrimônio da União.
Na tentativa de conter o fluxo de publicações que incitavam a violência, a controladora do Facebook, Meta, disse que considerou o Brasil como um “local temporário de alto risco” e removeu conteúdos que defendiam que as pessoas pegassem em armas ou invadissem prédios públicos.
No entanto, quatro dias após os ataques bolsonaristas, a organização Global Witness descobriu que o Facebook ainda estava permitindo anúncios contendo ameaças de morte e outros incentivos à violência em suas plataformas.
Usando contas falsas, o grupo enviou 16 anúncios falsos para serem exibidos na plataforma, 14 dos quais foram aprovados para publicação.
Entre os anúncios aprovados estavam mensagens que diziam frases como: “Precisamos desenterrar todos os ratos que se apoderaram do poder e atirar neles”, “Precisamos de uma revolução militar para restaurar o Estado de direito” e “Morte aos filhos dos eleitores de Lula.”
Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse em 1º de janeiro, após derrotar Bolsonaro no segundo turno em outubro por uma apertada diferença. Bolsonaro se recusou a admitir a derrota o que incentivou apoiadores a manterem a campanha de ódio alegando que a eleição foi fraudada.
A Global Witness também enviou os anúncios para aprovação no YouTube, mas a plataforma de compartilhamento de vídeos suspendeu imediatamente contas do grupo.
A Global Witness disse que retirou os anúncios do Facebook antes que qualquer outro usuário pudesse vê-los.
“Após a violência em Brasília, o Facebook disse que eles estavam ‘monitorando ativamente’ a situação e removendo conteúdo em violação de suas políticas. Este teste mostra quão mal eles são capazes de cumprir o que dizem”, disse Rosie Sharpe, ativista de ameaças digitais da Global Witness. “A resposta do YouTube foi muito mais forte.”
O porta-voz da Meta, Mitch Henderson, disse que a pequena amostra da Global Witness não é representativa de como a empresa aplica suas políticas em escala.
“Como dissemos no passado, antes das eleições do ano passado no Brasil, removemos centenas de milhares de conteúdos que violaram nossas políticas sobre violência e incitamento e rejeitamos dezenas de milhares de envios de anúncios antes de serem exibidos.”