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‘Eu quero ter tudo’, diz Cleo – 03/12/2022 – Mônica Bergamo

‘Eu quero ter tudo’, diz Cleo – 03/12/2022 – Mônica Bergamo

A entrevista com Cleo estava combinada para a última segunda-feira (28), dia do jogo da seleção brasileira contra a Suíça, na Copa do Qatar. Foi remarcada para terça-feira (29). Aconteceu na quarta-feira (30), meia hora antes do horário marcado, em um restaurante de um hotel no Itaim Bibi, em São Paulo, ao lado do Cine Kinoplex, onde a atriz, cantora e outras coisas das quais falaremos mais para frente participava de um evento do lançamento de “O Amor Dá Voltas”, seu novo filme.

Rodada em 2016, a comédia romântica de Marcos Bernstein conta uma história quase triste. André, personagem de Igor Angelkorte, é um jovem médico que se une à ONG internacional Médicos Sem Fronteiras, que leva ajuda médica e humanitária a zonas de conflitos, catástrofes, epidemias, e fica fora do Brasil por um ano. Nesse período, troca muitas cartas com a namorada, Beta, papel de Juliana Didone.

Acontece que Beta já não quer mais saber de André, e quem acaba respondendo as cartas é sua irmã, Dani, papel de Cleo. Na volta ao Brasil, André descobre a autoria verdadeira da correspondência que recebia, e, entre encontros e desencontros, desenlaça esse nó afetivo e embarca em uma nova aventura romântica.


“Eu estava louca pra esse filme ser lançado. É muito legal, já dava para ver que ia ficar legal pelo que a gente estava fazendo. Eu me apaixonei pela história, pela personagem, pelo diretor, pelos atores”, diz. Mas faz uma ressalva. “Não sexualmente, obviamente, me apaixonei ludicamente, digamos assim”.

Sexo é um assunto que parece colado à imagem de Cleo no inconsciente coletivo. Talvez porque ela tenha aparecido para o público por causa de um boato absurdo e cruel, que começou não se sabe onde nem por que, quando ela tinha 14 anos de idade. Antes da popularização da internet, das câmeras em todos os celulares, das redes sociais. Uma fake news que viralizou antes mesmo dos termos “fake news” e “viralizar” serem incorporados à linguagem do dia a dia.

A mentira, atroz e hedionda, era que Cleo, uma adolescente na época, tinha um romance secreto com Orlando Morais, o músico casado com sua mãe, Glória Pires, desde 1988. Cleo é filha do casamento anterior de sua mãe com o músico Fábio Jr, e tinha oito anos quando Gloria se casou com Orlando, um dos homens a quem ela chama de pai (Fábio Jr é o outro).

À coluna, Cleo explica o motivo por trás dessa decisão. “Venho tratando disso de várias formas desde que aconteceu. E uma das maneiras de você curar ou tratar um trauma é falar sobre ele. E quando eu falo alguma coisa por meio da minha arte, seja em uma música, em um livro ou mesmo em uma entrevista, isso se torna público, faz parte da natureza do meu trabalho. Tentei usar a minha arte para me ajudar nessa trajetória de cura”.

Na época em que o boato surgiu, era como se todos se sentissem quase na obrigação de dar uma opinião a respeito. Em encontros de família, festas entre amigos, jantares românticos, reuniões de trabalho, salas de espera em clínicas médicas, aonde quer que você fosse, alguém puxava esse tema.

A situação para a família de Cleo ficou tão difícil que ela, Gloria, Orlando e os três filhos mais novos do casal, Ana, Antônia e Bento, se mudaram temporariamente para Los Angeles, nos EUA. “Eu lembro de flashes dessa fase”, conta. “Foi muito triste, sabe? Muito cruel, muito duro. Mas acabou unindo a gente mais ainda. Nossa família tem uma relação de muita troca, muita conversa, a gente fala sobre tudo. Falamos muito desse assunto na época, hoje em dia nem tanto porque ainda é doloroso”.

Cleo é uma mulher sensual e que parece muito livre em relação à sua vida sexual e afetiva. Posou nua para a edição de 35 anos da revista Playboy, em 2010, e já deu diversas declarações a respeito de sua intimidade em entrevistas de TV. No entanto, antes de confirmar esta entrevista, recebi um recado enviado por sua assistente de que ela não falaria sobre sexo.

Agora, uma dica para assessores e assistentes de celebridades: não façam isso. Não funciona, só serve para atiçar a curiosidade do repórter e fazer com que “arrancar” esse assunto da entrevistada faça o trabalho do jornalista parecer mais bem feito.

Não é segredo para ninguém que Cleo é muito bonita. Ela chegou para o nosso encontro com o cabelo preto, liso, longo e bem cuidado preso em um rabo de cavalo, o rosto levemente maquiado, um vestido curto vermelho e sem mangas, com um recorte de cada lado da cintura, meia calça preta e um escarpim vermelho de salto altíssimo. Ficou com frio no restaurante do hotel. Ofereci um pano que levava na bolsa, uma espécie de canga de praia que também serve como cachecol nas noites frias de São Paulo.

Ela aceitou, agradeceu, se embrulhou no pano elogiando a textura do tecido e a estampa, listras azuis que parecem pintadas à mão. Arriscou adivinhar a marca do acessório: “Parece uma Gilda Midani”, disse, referindo-se à estilista carioca que é mãe de seu primeiro marido, o comediante e apresentador João Vicente de Castro, um dos fundadores do canal de humor Porta dos Fundos. Não era.

Mas a delicadeza e a doçura que Cleo demonstrou nessa situação, assim como o interesse genuíno que expressou ao fazer tantas perguntas quanto as que foram feitas a ela foram a grande surpresa do encontro. Esperava uma mulher bonita, muito segura, forte, irônica. E ela é todas essas coisas, tem um humor ácido e autodepreciativo, é inteligente, articulada e não tem vergonha de sua ambição.

Fala com honestidade sobre qualquer coisa, sem respostas prontas para nada, ouve o que você quer saber e não desvia de nenhum assunto. Uma pessoa boa de conversar, bem-educada, charmosa, relaxada.

Ficou óbvio depois de 40 minutos de conversa que ela responderia a qualquer pergunta que eu fizesse. Então, sem pensar muito nas razões que me levaram a isso, decidi ali, na hora, que não iríamos falar sobre sexo. Cleo tem muito mais para dizer do que os lugares e as pessoas com quem transou.

Ela acabou de lançar seu primeiro livro de ficção, “Todo Mundo que Amei Já Me Fez Chorar”, escrito a quatro mãos com a roteirista Tatiana Maciel, no qual discute relacionamentos tóxicos de um jeito leve e bem-humorado. O livro surgiu por causa de uma série de vídeos de desabafo que Cleo postou em seu Instagram, e vem acompanhado de uma música e um clipe com o mesmo título, que vão fazer parte do primeiro álbum de sua carreira.

Além disso, ela agora atua como produtora em dois longas-metragens em que também trabalhará como atriz. “A gente trabalha junto na ideia, no roteiro, na escolha dos profissionais, na escolha das locações. Eu não fico no dia a dia das filmagens, mas me envolvo em toda a pré-produção”, conta.

E prepara o lançamento de sua grife, mas diz que ainda não pode revelar quais produtos vai vender. Pergunto qual é o projeto profissional dela, se tem alguém em quem ela procura se espelhar. “Gosto muito da Rihanna e da J.Lo.“, afirma. “São mulheres múltiplas, como eu, e que me inspiram. São duas belas carreiras”. Cleo quer cantar, atuar, escrever, produzir, vender. “Eu quero ter tudo”, diz, rindo de como a frase a faz soar, mas sem negar sua honestidade.

Em sua conta no Instagram, Cleo faz alguns publiposts, como se chamam as publicações pagas por alguma empresa. Pergunto sobre isso, e ela diz: “Graças a Deus! Essa é uma maneira muito maravilhosa de um artista ganhar dinheiro, porque te dá uma enorme autonomia. Você é o seu próprio produto, não tem ninguém usando sua imagem para ganhar dinheiro, essa é uma troca bem honesta. Eu acho”.

Cleo se casou no ano passado com o modelo e empresário Leandro D’Lucca, de 39 anos, um ex-namorado com quem teve um sonho uma noite, no meio da pandemia, mandou uma mensagem e reconectou o romance. A atriz divide seu tempo entre SP, onde mora em um apartamento nos Jardins, e um sítio no sul de Minas, onde mora seu marido. “Minha casa é em mim”, declara.


“Planejo, sim, sou muito maternal. É uma coisa natural minha. Não acho que toda mulher tenha que ter filhos, isso é uma bobagem, mas eu tenho muito essa vontade. Não sei como nem quando isso vai acontecer, mas é um desejo que quero realizar”.

Cleo diz que está gostando muito de amadurecer, que não tem o menor medo de perder o viço da juventude e acha que ligar beleza a uma faixa etária é um conceito ultrapassado. “Minha mãe é linda até hoje.”

Quanto a si mesma, diz que sim, se acha bonita, mas não todos os dias. E enfatiza o quanto está mais feliz nesse momento do que em qualquer outro em sua vida. “Eu gosto muito de viver hoje em dia, a vida ficou melhor para mim, aprendi a gostar de viver. É muito ruim viver sem gostar de viver. E eu tenho gostado cada vez mais. Então aproveito o máximo tudo que dá”.

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