O verão, finalmente, chegou. Precisamente às 18h48 de hoje (21), acaba a primavera aqui no hemisfério Sul e trocamos oficialmente de estação.
É o nosso solstício de verão, e o dia mais longo e a noite mais curta do ano.
Do outro lado do globo, no hemisfério Norte, hoje acontece o oposto: termina o outono e começa o inverno.
Mas o que explica?
O solstício é um fenômeno astronômico e físico: duas vezes no ano, há um momento exato em que os raios solares incidem na Terra diretamente sobre os Trópicos (de Capricórnio, em dezembro, e de Câncer, em julho), devido ao ângulo de inclinação de nosso planeta, enquanto se movimenta.
Quando acontece sobre o trópico de Capricórnio, que corta o hemisfério Sul (em uma linha imaginária que passa pelos estados brasileiros Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo), é o chamado solstício de verão (para nós) ou de inverno (para o hemisfério Norte).
Isso quer dizer, a grosso modo, que o Sol está mais “pro nosso lado”, atingindo o ponto mais ao Sul do globo possível. As regiões abaixo da linha do Equador ficam mais expostas aos raios solares, o que explica as altas temperaturas e os dias mais longos (mais do que a metade das 24 horas fica iluminada).
Dá para confirmar que, hoje, teremos o dia mais longo e a noite mais curta do ano. No Brasil, um país tropical, estamos falando de uma variação de minutos ou poucas horas, que fica evidente quanto mais ao Sul. Veja alguns exemplos:
- Em Recife (PE), o Sol nasceu às 5h e vai se por às 17h34. O dia terá 12 horas e 34 minutos e noite de 11 horas e 26 minutos
- Em São Paulo (SP), o Sol nasceu às 6h18 e vai se por às 19h51. O dia de 13 horas e 33 minutos e noite de 10 horas e 27 minutos
- Em Porto Alegre (RS), o Sol nasceu às 6h21 e vai se por às 20h24. O dia terá 14 horas e 3 minutos e noite de 9 horas e 57 minutos
Da mesma forma, quando este fenômeno acontece em relação ao Trópico de Câncer, em dezembro, ocorre o oposto: nosso solstício de verão, com o dia mais longo e a noite mais curta do ano.
Como acontece?
O eixo de rotação da Terra em torno de si mesma tem uma inclinação de 23,5°, em relação ao plano orbital ao redor do Sol. Ou seja, ela não gira “retinha”. Assim, os hemisférios Sul e Norte recebem diferentes quantidades de luz ao longo do ano.
É este movimento inclinado que dá origem aos dias e noites e às estações do ano. Se o eixo estivesse a 90°, o nascer e o pôr do sol aconteceriam exatamente na mesma hora e mesmo lugar todos os dias, e não teríamos variações de clima.
Repare também que o Sol nasce sempre em nosso horizonte na direção leste, e se põe a oeste, mas não precisamente no ponto cardeal leste/oeste. Com o passar do tempo, ele vai se deslocando para a esquerda (a rigor, para o norte, durante nosso outono e inverno) ou para a direita (a rigor, para o sul, durante nossa a primavera e verão).
O solstício — palavra que significa algo como “Sol parado” — é, em linhas gerais, o momento em que ele para de se movimentar para um lado e volta a se deslocar para o outro. Ou seja, a partir de agora, o Sol está aos poucos indo para o Norte, até atingir o solstício de inverno e começar a voltar para cá.
Por isso tudo, o período luminoso nunca dura exatamente metade das 24 horas; eles são maiores nas estações mais quentes e menores nas mais frias, e também variam de acordo com o quão ao Norte ou ao Sul está o observador.
Há apenas dois dias em que dia e noite têm a mesma duração, de quase que exatamente 12 horas cada: nos chamados equinócios, que inauguram a primavera e o outono, em setembro e março. É quando os raios solares incidem igualmente entre os dois hemisférios, alinhados com o Equador.