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Emanuelle Araújo explora sexo e BDSM em série

Emanuelle Araújo explora sexo e BDSM em série

Neste domingo (1º), a Netflix estreia Olhar Indiscreto, minissérie sensual e lotada de suspense. Construída totalmente sob um olhar feminino, a narrativa segue a história de uma hacker e voyeur interpretada por Débora Nascimento e da prostituta de luxo Cleo, vivida por Emanuelle Araújo.

Com uma personagem tão diferente das demais que fez na carreira, Emanuelle Araújo precisou se desprender de muitas amarras para se jogar totalmente no universo da série. Como Cleo é adepta do BDSM, sigla para uma prática sexual que envolve bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo, a atriz mergulhou em um mundo inexplorado com o qual ainda não estava acostumada. 

“Foi muito interessante, porque não é algo que faz parte da minha vida, da minha história. Porque, de fato, eu não preciso ser tão rebuscada assim –pessoalmente, eu alcanço meus desejos de uma forma muito mais simples”, revela a atriz em entrevista à Tangerina

“Mas ao mesmo tempo, foi muito interessante conhecer tudo isso. Eu estudei muito, fiz um workshop sobre o assunto, pesquisei muito. Não só porque a série usa isso, porque eu acho que a Cléo precisava ter essa energia. Mesmo em uma cena de conversa normal, na qual ela nem está vestida dentro do perfil sadomasoquista, eu acho que ela já tinha que ter essa aura de uma pessoa que conhece o sadomasoquismo. Essa é uma camada que tem que estar na personagem, independentemente das cenas de sexo.”

Para Emanuelle, porém, foi possível quebrar uma série de tabus que envolvem a prática. “Foi muito importante, inclusive para perceber que não existe um estereótipo para você viver assim. É uma questão do desejo, a pessoa pode estar em qualquer classe social e tribo e gostar. Foi interessante pesquisar esse universo que eu não conhecia, que é um universo natural”, acrescenta. “Eu gosto quando temos uma personagem que, de fato, te estimula em lugares desconhecidos.”

Olhar Indiscreto é uma minissérie de 10 episódios que foi roteirizada, dirigida e até rodada apenas por mulheres. Segundo Emanuelle Araújo, isso deu um toque de sensibilidade à atração, que se desprende da ótica masculina com a qual o público está acostumado. 

“Nosso universo feminino é potente, sensual e sexy, mas é sensível e respeitoso, tem um contexto. A nossa história, da Miranda e da Cleo, tem todo um universo sexual muito forte, porque acontece a partir de um universo sexual, mas isso é o contexto” explica a atriz. “O desejo é o impulsionador de um thriller psicológico, então são personagens muito misteriosos, e nenhum tem um lado só, todos têm várias camadas.”

A série também foi uma das primeiras produções nacionais a utilizar uma coordenadora de intimidade para guiar as cenas de sexo de maneira mais técnica e respeitosa. Emanuelle conta que a profissional foi essencial para assegurar a proteção de todos os atores e até foi capaz de tornar as cenas mais quentes ainda melhores.

“É a mesma coisa de uma cena de briga. Você tem que fazer uma cena em que dá um tapa na cara de uma pessoa, puxa o cabelo, ou algo assim, existe algo ali que pode sair do seu controle emocional. Então, sempre em minha carreira eu tive um instrutor de briga para indicar onde os chutes e socos deveriam ser, mas nunca tivemos uma coordenadora de sexo”, afirma.

“Eu nunca entendi isso, porque é exatamente a mesma coisa. Eu acho que o que estamos fazendo agora é o que tem que ser feito. É sempre coreografado, e isso não nos aprisiona. Pelo contrário, é uma energia que tem tudo a ver com os nossos diálogos, tem que colocar uma energia depois. Não é superlativar a cena de sexo, é ser profissional.”

Apesar de não ter a intenção de quebrar qualquer tipo de tabu diretamente, Emanuelle acredita que começar o ano com uma série como Olhar Indiscreto certamente já vai ser um pontapé incrível para que mais produções femininas ganhem espaço no audiovisual brasileiro.

“Começar os primeiros segundos de 2023 espalhando para mais de 190 países, com essa comunicação que a Netflix tem, com uma energia tão potente e feminina, já é muito poderoso”, declara. “Existe uma visão, uma leitura, uma linguagem. Depois de tanto tempo vivendo em um universo majoritariamente masculino, aprendemos a ver, ouvir, ler e escutar histórias em que os símbolos estavam todos dentro desse universo, em sua maioria, machistas. Então é muito legal começarmos esse novo ano com uma série em que a leitura ótica é feminina.”

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