As novas políticas de “liberdade de expressão” no Twitter começam a se desenhar. O bilionário Elon Musk, que adquiriu a companhia por US$ 44 bilhões, anunciou em um tuíte que irá criar um novo “conselho de moderação de conteúdo” com membros que tenham “pontos de vista amplamente diversos”.
“Nenhuma grande decisão sobre conteúdo ou retomada de contas [banidas] acontecerá antes que o conselho delibere”, alertou.
Formalmente, porém, ele reforça que as regras do jogo seguem as mesmas: “Para deixar super claro, nós ainda não fizemos nenhuma mudança nas políticias de moderação de conteúdo do Twitter.”
Por outro lado, o empresário indicou que futuramente usuários poderão selecionar “qual versão do Twitter você quer”, similar ao sistema de “classificação etária dos filmes”. Essa classificação poderia ser “autoselecionada” ou alterada pelo feedback de usuários, mas não deu detalhes de como isso funcionaria.
Estima-se que, por “pontos de vista amplamente diversos”, Musk se refira ao espectro político da esquerda e da direita. A plataforma vinha recebendo críticas da extrema direita pelo banimento de conteúdos e contas, como o do ex-presidente Donald Trump – atos considerados por eles como uma violação da liberdade de expressão.
Contudo, um usuário respondeu ao post de Musk relembrando que o Facebook tomou uma decisão parecida há alguns anos, e o conselho fracassou porque nenhum dos dois lados do espectro político considerou seu trabalho satisfatório.
Musk responde a usuários problemáticos
Assim que a longa negociação pela rede social foi concluída, na quinta-feira (27), Musk tem sido abordado online por centenas de perfis pedindo intervenção em punições aplicadas pela plataforma. Outroas apenas aproveitam para felicitá-lo e reforçar pedidos de menos controle sobre o conteúdo.
Dmitry Medvedev, ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, publicou em sua conta: “Boa sorte @elonmusk em superar o viés político e a ditadura ideológica no Twitter. E saia desse negócio da Starlink na Ucrânia.” Ele se refere ao apoio financeiro do empresário para levar internet à Ucrânia durante o atual conflito com a Rússia.
Em resposta a uma conta anônima com 852 mi seguidores, conhecida por ser uma grande apoiadora das alegações de fraude eleitoral de Trump e que disse que ter sido “banida”, Musk respondeu que iria “pesquisar mais hoje”.
Outra abordagem foi da Canada Proud, organização que tenta retirar do poder o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau: “Ei @elonMusk, agora que você possui o Twitter, você vai ajudar a lutar contra a lei de censura online de Trudeau C-11?” Musk saiu pela tangente: “Primeira vez que ouvi”, tuitou ontem.
Trump, que foi permanentemente banido por incitar violência após a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, foi um dos primeiros, fez uma declaração fora da rede. “Estou muito feliz que o Twitter está agora em mãos sensatas e não será mais administrado por Lunáticos e Maníacos da Esquerda Radical que realmente odeiam nosso país.”
Por outro lado, Musk também apoiou a postagem de Shibetoshi Nakamoto, criador da criptomoeda Dogecoin. O investidor postou ontem: “Não sei quem precisa ouvir isso, mas ameaças de morte não são parte dos direitos protegidos de livre expressão. É uma categoria diferente chamada ‘crime’. Então, só pra saber, você ainda não pode fazer isso.” Musk respondeu com um simples emoji de flecha acertando no centro do alvo.
*Com conteúdo da Reuters