Quando, às 14h 37m, Luiz Inácio Lula da Silva foi diplomado como presidente do Brasil no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que se viu foi o encontro de dois vitoriosos.
De um lado, o petista, que acrescenta à sua biografia mais um episódio de superação digno de filme, já que governará o país após sair do inferno político que incluiu execração pela Lava Jato e prisão de 580 dias.
Do outro lado, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, que resistiu à campanha de difamação empreendida por Jair Bolsonaro e seus correligionários, para manter a integridade do processo eleitoral.
A diplomação de hoje marcou o predomínio da democracia sobre o movimento golpista que tentou bagunçar o cenário institucional da nação, colocando-o em risco de forma explícita.
Tanto Lula quanto Moraes destacaram esse fato. “Poucas vezes na história recente desse país, a democracia esteve tão ameaçada”, disse Lula. Moraes falou sobre os “ilícitos e criminosos ataques ao sistema eleitoral”, que incluíram “ataques ao estado de direito”
Para o petista, ao escolher o presidente da República, “o Brasil reconquistou o direito de viver em democracia”. Para o presidente do TSE, a “diplomação é reconhecimento da lisura do processo eleitoral” que foi duramente atacado.
Ambos sabem que o perigo do extremismo não passou. Lula lembrou que a democracia não se mantém viva por si, mas “deve ser semeada, cultivada e cuidada com muito carinho”. Espera-se que nesses quatro anos tenhamos aprendido essa lição de uma vez por todas.
Moraes também tem consciência de que os radicais estão à espreita, mas atesta a “força, coragem e altivez” do Judiciário para lidar com os vândalos que atacaram as instituições nos últimos tempos. “Serão integralmente responsabilizados”, prometeu.
Na fala dos dois, ao lamentar a disseminação do discurso de ódio na política brasileira, há um sujeito oculto: Jair Bolsonaro. Foi ele que liderou a turba que nesses quatro anos ameaçou a democracia.
No embate das urnas, apesar de usar vários tipos de recursos escusos, Bolsonaro acabou derrotado. Já passou da hora de aceitar o resultado.
A torcida é para que Lula e Moraes, os vitoriosos, tenham sucesso em suas tarefas, cada um na sua seara.
Que façam jus aos demorados aplausos que receberam hoje no auditório do TSE.