A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, descartou hoje a possibilidade de adiantar as eleições no país. Ela assumiu o cargo após uma tentativa de golpe de Pedro Castillo Terrones, que ameaçou dissolver o Congresso Nacional, sofreu o impeachment por “incapacidade moral” e foi detido ontem.
Em pronunciamento feito hoje, Dina afirmou que o pedido de novas eleições é democrático, mas que seu papel é “reorientar o país”. O mandato de Dina Boluarte como presidente terminará apenas em julho de 2026.
Eu sei que há algumas pessoas que indicam o adiantamento das eleições. Isso, democraticamente, é respeitável, mas creio que assumir a presidência nesse momento é um pouco reorientar o que fazer com país.
Nova presidente do Peru, Dina Boluarte
“As circunstâncias nas quais assumi essa responsabilidade não foram boas e é por isso que estou despachando e atendendo, para fazer frente às necessidades do pais”, acrescentou a presidente. “Mais à frente, estaremos vendo alternativas para melhorar o destino do país.”
Castillo é acusado de liderar uma suposta organização criminosa responsável por fraudar a concessão de obras públicas. Ele também é investigado por crimes contra a administração pública, entre eles lavagem de dinheiro, fraude e tráfico de influência. Segundo a Procuradoria do Peru, o esquema é formado por parentes de Castillo e aliados políticos.
Vice de Castillo assume e se torna primeira mulher a comandar país. A advogada Dina Boluarte assumiu ontem a presidência do Peru. A cerimônia de juramento de posse aconteceu pouco mais de duas horas após a votação sobre o afastamento de Castillo.
Boluarte é a primeira mulher presidente o país, e a 6ª pessoa a ocupar o cargo desde março de 2018. O mandato terminará em julho de 2026.
- Reconhecimento de golpe: Antes de assumir, Boluarte tinha rechaçado publicamente o ato do ex-presidente de dissolver o Congresso.
- Primeiro discurso: A nova presidente disse que governar o Peru “não será tarefa fácil”, que vai priorizar a economia e combater a corrupção, e defendeu a urgência de uma reforma política.
A linha do tempo. Logo após fazer um pronunciamento à nação, no qual determinava a dissolução do Congresso e a instauração de um governo de exceção no Peru, Castillo entrou em um veículo da guarda presidencial com sua esposa e com uma das filhas, além de seu então chefe de gabinete.
O destino era desconhecido pelos militares que faziam a escolta presidencial. Apenas no meio do caminho é que o motorista de Castillo, o sargento Josspeh Michael Grandez López, foi orientado a ir para a Embaixada do México, relatou ele à Polícia Nacional.
Minutos depois, Grandez López recebeu uma ligação do chefe da Polícia Nacional estadual, o general Iván Lizzeti Salazar, que determinava que Castillo fosse detido pelas suspeitas dos crimes de rebelião, abuso de autoridade e infração.
Com a ordem, o motorista deteve a comitiva e deu prosseguimento à detenção de Pedro Castillo. Em seguida, o conduziu até a sede da Prefeitura de Lima para as diligências.
Depois, o Congresso aprovaria o afastamento de Castillo por incapacidade moral para permanecer no cargo.
À noite, Pedro Castillo foi transferido para a sede da Diroes (Direção de Operações Especiais da Polícia), uma unidade de elite da Polícia Nacional, em Lima, como parte da investigação do Ministério Público contra ele, segundo informou o jornal “La República”. O local é o mesmo onde está preso o ex-ditador Alberto Fujimori.
México estava disposto a dar asilo. Em entrevista a uma TV mexicana, o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, disse que o governo de seu país concederia o asilo a Castillo. No entanto, o peruano não fez uma solicitação do gênero.
A posição mexicana é a mesma adotada em 2019, quando o país ofereceu asilo ao ex-mandatário boliviano Evo Morales. Só que no caso de Bogotá, o então presidente havia sofrido um golpe de Estado, não tentado aplicar um – como ocorreu ontem no Peru.