Na Live UOL desta segunda-feira (12), falei sobre o tom messiânico, adotado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que depois do período de silêncio —uma das melhores coisas de seu governo, aliás— voltou a falar a seus apoiadores.
O presidente não discursava publicamente desde o dia 2 de novembro, quando pediu o desbloqueio das rodovias por manifestantes golpistas.
No jardim no Palácio da Alvorada —e não em seu tradicional cercadinho— Bolsonaro fez um discurso irresponsável, misturando assuntos como socialismo, Forças Armadas, patriotismo e o episódio da facada. O presidente afirmou que apoiadores decidirão seu futuro, que “nada está perdido” e que “tudo dará certo no momento oportuno”.
“Quantos amigos nós perdemos por falar a verdade para eles? Quantas vezes nós nos irritamos quando alguém diz a verdade para nós? E hoje estão vivendo um momento crucial, uma encruzilhada, um destino que o povo tem que tomar. Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vai as Forças Armadas são vocês, quem decide para onde vai a Câmara e o Senado, são vocês também”, disse.
Com a fala a seus apoiadores, Bolsonaro adota o tom messiânico, que sabe usar muito bem. Ao construir seu discurso como em uma religião, o presidente incita radicais que, em seus acampamentos diante de quartéis, já adotaram rituais e liturgias próprias. Alimenta um comportamento que já ultrapassou o limite da política transformando-se em algo perigoso para o tecido social.
Quebrando o período de silêncio, o presidente comprova, com suas declarações, que sabe instrumentalizar muito bem seu discurso e se aproveitar com maestria de seus seguidores fanáticos.
Na Live UOL, falamos também sobre a diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).
Com Felipe Moura Brasil, debato os principais assuntos do país diariamente, das 14h às 15h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.