Depois de atingir a mínima do ano em meados do mês passado, o principal índice de ações americano, o S&P500 reverteu a queda e se valoriza 12,55%. A valorização traz esperança a muitos que investiram no ano passado. Entretanto, esta valorização pode ter seus dias contados.
No final de 2021, com a bolsa brasileira perdendo mais de 10%, o interesse do brasileiro se voltou para o exterior. Naquele momento, o volume de investidores brasileiros aplicando em BDRs bateu recordes. BDRs são recibos de ações americanas negociados na B3.
O otimismo era justificado pelo passado. A bolsa americana se valorizava há três anos consecutivos. O retorno acumulado nos três anos atingiu 65,7%, equivalente a um retorno médio de mais de 18% ao ano.
No final do ano, a expectativa era que a tendência de crescimento de lucros e baixas taxas de juros se manteria. Naquele momento, eu já alertava que esta expectativa seria frustrada.
O ruído político no Brasil, aliado à recente alta do mercado americano, parece fazer muitos esquecerem dos fundamentos e talvez repetirem o erro do ano passado, voltando a atenção para o exterior.
Dessa forma, redobro agora o alerta.
Os lucros das empresas devem começar a cair a partir do quarto trimestre de 2022 e as taxas de juros devem se manter elevadas por todo o ano de 2023.
Quem também avisa sobre a queda dos lucros é o prestigiado jornal econômico americano, o The Wall Street Journal. Reportagem de hoje no portal do jornal destaca que os analistas esperam que os lucros caiam 2,1% no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
A queda vem em seguida do baixo crescimento de lucros, de apenas 2%, observado no terceiro trimestre, segundo levantamento do mesmo jornal.
Conforme expectativa de analistas e gestores, este deve ser apenas o começo da queda nos lucros e ela deve acelerar no próximo ano com o desaquecimento econômico provocado pela alta de juros.
Conforme o próprio presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell anunciou no início deste mês, as taxas de juros devem continuar a subir e ficarem elevadas enquanto a inflação não ceder.
Esta conjunção de fatores, alta de taxa de juros com queda de lucros deve fazer com que a recente alta da bolsa americana tenha vida curta.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor
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