Cotada para o Oscar de melhor atriz –naquela que seria sua primeira indicação ao prêmio–, Michelle Yeoh quase desistiu de participar do filme Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Segundo a veterana, foi necessário impor uma condição para os roteiristas e diretores Dan Kwan e Daniel Scheinert: que sua personagem mudasse de nome!
Inicialmente, o longa sobre uma dona de lavanderia que viaja pelo multiverso e adquire diferentes poderes para parar uma ameaça ao planeta teria um homem como protagonista. “Acho que esse é o padrão, porque seria mais fácil de conseguir financiamento. Seria mais fácil de entender que um homem poderia saltar através do multiverso. Mas aí os Daniels transformaram o papel em uma figura materna –o que faz muito mais sentido para eles, que estão cercados de mulheres fortes e inteligentes”, contou Michelle em conversa com Cate Blanchett para a Variety.
Após a decisão de colocar uma mulher como a personagem principal, os roteiristas escreveram a protagonista tendo Michelle Yeoh como modelo –e a primeira opção para interpretá-la. Aí veio o problema do nome: eles batizaram a viajante do multiverso de Michelle Wang. “A única coisa que eu disse para eles foi: ‘A personagem não pode se chamar Michelle Wang’. E eles falaram: ‘Mas por quê? É a sua cara!’.”
“Eu respondi: ‘Não, eu não sou uma mãe imigrante da Ásia que cuida de uma lavanderia. Ela precisa ter a própria voz’. Essa foi a única coisa pela qual eu briguei. Eu deixei bem claro: ‘Se vocês não mudarem o nome, eu não vou fazer’”, lembrou a atriz, que conseguiu que a personagem se chamasse Evelyn Wang no roteiro final.
Michelle também ressaltou sua surpresa ao conseguir uma personagem como Evelyn a essa altura de sua carreira. “Eu estou nesse mercado há algum tempo, e as oportunidades estão ficando cada vez mais restritas, porque você começa a passar do seu auge. Eu completei 60 anos, e já fazia algum tempo que ninguém me oferecia o papel principal. Mas eu tive papéis coadjuvantes incríveis, como em Podres de Ricos [2018] e Shang-Chi [2021].”
Revigorada, a estrela destacou que prefere trabalhar com diretores mais jovens e inexperientes. “Eles jogam desafios que não vêm na sua direção com frequência. Eu fiquei muito feliz ao receber um roteiro sobre uma imigrante que está nos Estados Unidos há tanto tempo, tentando viver o sonho americano –assim como eu. E eles transformaram essa mulher comum em alguém extraordinário, o que é muito satisfatório, porque todos nós somos assim.”