Tristeza. Inconformismo. Frustração.
Para muitos brasileiros, é hora de voltar para casa.
—Ficar no Qatar fazendo o quê?
—Vendo a Argentina ganhar a Copa?
—Ou a França?
—Nem me fale da Croácia.
O avião decolava.
Carregado de mágoas.
E muitas comprinhas.
—Fantástico esse relógio, hein? É Rolex?
—Ô cara, que é que você está pensando? Coisa mais batida…
Audemars Piguet. Chopard. Patek. Vacheron.
—Aí a gente começa a falar sério.
—Tudo bem. Tem de aproveitar, né?
—Mesmo porque… quando é que eu vou voltar para o Qatar?
—Nunca… a não ser…
—Claro que pode aparecer um contrato.
—Mesmo assim, né.
—Essa Copa não deixa saudade.
Fez-se um silêncio na cabine da primeira classe.
—Só de uma coisa eu vou sentir falta.
—O quê?
—O filé. Coberto de ouro.
—Nem brinca, cara.
—A melhor coisa que a gente fez nessa Copa.
—Se oferecessem sempre esse tipo de luxo…
—Eu jogava até num time desses caras.
—Eu também. Ainda mais que, daqui a quatro anos…
—A carreira da gente já vai estar meio no fim.
—Falou, meu craque.
Para muitos jogadores, chega o triste momento de pendurar as chuteiras.
Mas o garfo e a faca não se aposentam jamais.
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