By “Eu tenho certeza de quem será o nome da Copa. Ele se chama Kylian Mbappé. Francês. Ele está voando. Sai dois metros atrás do seu marcador e chega dez na frente. Finaliza bem. Para mim, vai sobrar. É favoritaço a ser o nome da Copa.”
Não sou Mãe Diná, a famosa vidente morta em 2014 (aliás, não acredito em videntes), mas fiz essa previsão, ao ser questionado pela jornalista Dani Braga em programa da TV Folha, bem antes do começo da Copa.
Foi no dia 4 de novembro –o Mundial começou no dia 20–, quando comentei junto com os colunistas da Folha Casagrande e Sandro Macedo a convocação da seleção brasileira para a competição no Qatar.
(Parêntesis: Casão apostou em Benzema, que lesionado acabou fora da Copa, e Sandrão se disse na torcida por Vinicius Junior, que tem jogado bem.)
Com a chegada às quartas de final, Mbappé, 23, é o artilheiro da Copa, com cinco gols (dois à frente dos mais próximos perseguidores, o brasileiro Richarlison entre eles) e o principal destaque do torneio, à frente de Messi, Neymar, Kane e/ou qualquer outro.
Feita a introdução profética, e tendo a França a Inglaterra pela frente –e quiçá o Brasil em uma possível final (seria sensacional)– , o que todos questionam é: há como parar Mbappé?
Antes da partida contra a Polônia, pelas oitavas de final, o centroavante Milik afirmou que só usando uma motoneta para perseguir o camisa 10 dos Bleus (Azuis).
Depois do jogo, vencido pela atual campeã do mundo por 3 a 1, com dois golaços de Mbappé, o lateral direito Matty Cash, 25, responsável por marcar o astro francês, declarou ter saído de campo exausto, “com as pernas queimando”.
Isso mesmo depois de ter passado a véspera da partida estudando por horas o estilo de jogo do oponente.
“Passei a tarde assistindo a seus clipes e sabia que seria um teste difícil, mas, quando ele pega a bola, para e depois se move, ele é a coisa mais rápida que já vi. Eu não sabia se marcava em cima ou esperava. Ele é realmente inacreditável, será facilmente o melhor jogador do mundo”, afirmou Cash, jogador do Aston Villa (Inglaterra).
Comentaristas ingleses, com a proximidade do embate entre o English Team e Mbappé, disseram, otimistas, acreditar que a seleção treinada por Gareth Southgate tem o homem certo para anular o superatacante.
“Mbappé contra Walker. Temos o lateral direito perfeito para lidar com Mbappé”, afirmou Gary Neville, lateral direito quando jogador, citando a força física, a velocidade e a experiência do camisa 2 da Inglaterra.
“Kyle Walker é o único lateral no planeta que pode chegar para Mbappé e fazer o desafio: um contra um, vamos apostar uma corrida”, disse o ex-zagueiro Rio Ferdinand, que atuou por anos com Neville no Manchester United.
Neville e Ferdinand, com todo respeito aos dois, veem um Walker que não vejo. Walker parar Mbappé? Sim, tem um jeito: na pancada.
O lateral do Manchester City, ex-Tottenham, que também atua como zagueiro, não amacia. Chega junto e chega firme. Sendo mais direto: bate, bate muito e bate forte.
Walker está com 32 anos, nove a mais que Mbappé, e não tem mais aquela velocidade toda. Pior: o lateral passou por uma cirurgia na virilha em outubro e quase não se recuperou a tempo de ir à Copa.
Ele ficou fora dos dois primeiros jogos da Inglaterra, jogou pouco mais da metade do terceiro e só no quarto, o das oitavas (3 a 0 no Senegal), é que atuou todo o tempo. Está completamente recuperado? A virilha vai aguentar encarar um Mbappé?
Além disso, não só Walker, como qualquer marcador do craque francês, tem a desvantagem de ao estar de frente para o rival precisar, se este joga a bola na frente, virar o corpo para iniciar a arrancada, enquanto o papa-léguas Mbappé já está em aceleração.
É ilusão achar que dá para pegá-lo. Marcação individual, mano a mano, é um convite ao fracasso.
No nível em que se encontra hoje, Mbappé só será parado com marcação dupla: um no primeiro combate, um na cobertura.
Talvez nem assim.
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