Um cometa verde, que não nos visitava há 50 mil anos, passará a “apenas” 42 milhões de quilômetros da Terra — o ponto mais próximo de nosso planeta, chamado perigeu —, nesta quarta-feira (1º).
Chamado C/2022 E3 (ZTF), ele está bem brilhante e esverdeado, após os gases de seu núcleo terem sido aquecidos pelo Sol, formando a bela cauda. Ele pode ser visto com auxílio de telescópios e até ser observado a olho nu de algumas partes do planeta — inclusive do Brasil.
Como ver?
Infelizmente, o hemisfério Norte foi privilegiado nesta observação, devido à posição do cometa no céu. Por aqui, ele não será visível no momento do perigeu, mas sim algumas noites depois, entre os dias 3 e 10 de fevereiro, muito perto do horizonte e em uma pequena janela de tempo.
- Olhe para o norte, entre o pôr do Sol e a meia-noite
- Use um aplicativo de astronomia para encontrar o local exato do cometa naquele momento
- No dia 3, ele estará na região da constelação do Cocheiro (Auriga)
- No dia 10, próximo a Marte, na constelação de Touro
- Procure uma uma estrela borrada, uma manchinha no céu (não dá para ver a cauda a olho nu)
- Ele fica cada vez menos brilhante com o passar dos dias, conforme retorna para as profundezas do Sistema Solar
- Recomendamos o uso de binóculos
Quem tiver uma câmera profissional, pode apontá-la para a direção estimada, dar um zoom, e programar uma longa exposição (de pelo menos 30 segundos), para tentar registrar o brilho esverdeado do cometa.
Por que é verde?
Nas imagens registradas no hemisfério Norte, chama a atenção seu brilho verde e a cauda longa e azulada.
Um cometa só se “acende” quando se aproxima do Sol (longe dele, é apenas uma bola de gelo sujo, com pedaços de rochas). Por aqui, substâncias de seu núcleo passam diretamente do estado sólido para o gasoso, liberando gases e poeira, que criam uma nuvem ao seu redor — chamada de coma ou ‘cabeleira’.
A do C/2022 E3 (ZTF) é bem verde, devido à sua composição, diferente da maioria dos cometas (que costumam ser esbranquiçados). A cor pouco comum, provavelmente, se deve à presença de carbono diatômico.
Quanto mais perto do Sol, estas partículas espalham-se por milhares de quilômetros, “sopradas” pelos ventos solares. Aí se forma a cauda — que desaparece quando o cometa distancia-se da nossa estrela. A do C/2022 E3 (ZTF) é azulada e tem aparência tripla.
Mas estes detalhes são vistos apenas com auxílio de telescópios e câmeras profissionais (astrofotografias).
O cometa
O C/2022 E3 (ZTF) é um pequeno corpo rochoso e gelado, de apenas 1 km de diâmetro, vindo das profundezas do Sistema Solar. Ele passou perto da Terra pela última vez há 50 mil anos, no final da Era do Gelo; as testemunhas foram nossos antepassados neandertais e os primeiros Homo sapiens.
O objeto errante foi descoberto em março de 2022, por um telescópio do Zwicky Transient Facility (ZTF — por isso seu nome), na Califórnia, Estados Unidos. Inicialmente, se acreditou tratar-se de um asteroide. Mas o aumento de seu brilho, ao ultrapassar a órbita de Júpiter, revelou que o C/2022 E3 (ZTF) tinha origem cometária.
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