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China alivia a pressão sobre big techs. Por que agora?

China alivia a pressão sobre big techs. Por que agora?

A vida das grandes empresas de tecnologia na China já foi um conto de fadas. Apesar da dura competição doméstica, os vencedores da indústria em áreas como pagamentos digitais, redes sociais, buscas e vídeos online sempre exibiram largos sorrisos. E não só os sorrisos eram largos, mas também seus lucros, faturamento e taxa de crescimento.

Desde o início de 2021, o que era céu pareceu converter-se em inferno. Não só a velocidade de expansão destas empresas ficou menor —já que a China atingiu um patamar de maturidade em sua economia digital, ou seja, sem mais multidões de camponeses a incluir na economia online— mas também (ou sobretudo) porque o Estado chinês mudou as regras do jogo.

Após quase duas décadas de comportamento liberal, o Estado decidiu regular suas empresas de tecnologia, restringir captações de recursos no exterior, bloquear IPOs e distribuir multas, muitas multas, a quem considerasse adotar práticas “anticompetitivas”. Oficialmente, o discurso foi de que era preciso proteger os consumidores e os pequenos negócios.

Não é uma explicação falsa. Mas é incompleta.

Além de preocupar-se com o oligopólio que se formou em áreas como buscas na web e e-commerce, a administração chinesa pareceu muito interessada em diminuir o poder das empresas de tecnologia que, de tão enorme, ameaçava fazer sombra ao poder político.

Uma vez esclarecido de quem é o poder real no país, há sinais por toda parte de que a vida das big techs pode voltar a ser feliz.

Um dos símbolos destes novos tempos, que coincidem com o início do ano do coelho no horóscopo chinês, é a saída de Jack Ma, o fundador do Alibaba, do controle da maior fintech do mundo, a Ant Financial. Ma continuará a ter ações na empresa, mas não mais aquelas que dão direito a voto no conselho de administração.

Este passo é importante para que a Ant, afinal, realize seu tão aguardado IPO.

Até 2020, a fintech (a maior do mundo, diga-se) era avaliada em até US$ 400 bilhões, o que faria sua abertura de capital a maior da história do capitalismo.

Pequenas e médias startups iniciam, ainda que timidamente, sua captação de recursos no exterior.

Até o avanço dos carros autônomos, que andava lentamente nos últimos meses, ganhou impulso.

O Baidu, que desenvolve um projeto de táxis sem motorista, recebeu sinal verde para colocar seus carros autônomos para pegar passageiros em Shenzhen.

O alívio sobre as big techs pode significar também um fôlego para a já não tão brilhante economia chinesa.

Após décadas de crescimento fulguroso, a China precisará de muito esforço para atingir 5% de expansão em seu PIB neste ano. Tal crescimento não seria possível com a política de covid zero e com uma guerra contra as big techs. Ambas ficam para trás, assim como o ano do tigre.

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