O sucesso estrondoso do ChatGPT, que ultrapassou 100 milhões de usuários em apenas 60 dias após sua estreia, gerou fortes reações na indústria de tecnologia chinesa. Investidores da indústria tech local, que após derramar bilhões de dólares em departamentos de pesquisa de Baidu, Alibaba e Tencent, agora se perguntam se, afinal, as companhias chinesas estão em condições de desafiar a liderança americana em inteligência artificial (IA).
Nas últimas duas semanas, correram a China as informações de que a ferramenta de IA foi capaz de responder corretamente questões de provas para se formar em direito e medicina em faculdades americanas.
Só no serviço WeChat, as buscas pelo termo “ChatGPT” cresceram 515% na última semana, em comparação com o período anterior, superando 40 milhões de buscas.
A ascensão do ChatGPT preocupa pois a China vinha diminuindo velozmente sua diferença para os Estados Unidos em diversos segmentos da indústria tech.
Em alguns setores, como pagamentos móveis, tecnologias para e-commerce e reconhecimento facial, empresas chinesas exibem os recursos mais avançados do mundo.
Desde 2020, no entanto, com a ofensiva americana para limitar o acesso chinês a chips e semicondutores, a pressão para que talentos sino-americanos optassem pela cidadania estadunidense, abandonando a colaboração com empresas asiáticas, e os erros internos da China, que limitaram o acesso de suas big techs a financiamentos internacionais, as companhias locais desaceleram seu ritmo de inovação.
Como resposta, esta semana, Baidu, Alibaba e NetEase anunciaram suas próprias versões do ChatGPT.
O Baidu promete para março estrear o Ernie, serviço de inteligência artificial com maior acurácia já criado por uma empresa chinesa.
A NetEase, por sua vez, afirmou que tem pronto um robô de IA para atuar como tutor em programas de educação online.
O Alibaba, por sua vez, disse que ampliou o número de pesquisadores em seu laboratório de IA e que estreará, no próximo trimestre, avatares capazes de apresentar produtos em sessões de live commerce e interagir com consumidores de forma humanizada.
Desenvolvido pela OpenAI, que recebe investimentos da Microsoft e do multibilionário Elon Musk, o ChatGPT não assombrou apenas companhias chinesas.
O Google, por exemplo, apressou a liberação do Bard, seu chatbot baseado em inteligência artificial, em uma demonstração de que o feito da OpenAI preocupou agentes de várias partes da indústria tech.
Observado em perspectiva, o ChatGPT é apenas um capítulo da longa disputa tecnológica que corporações americanas e chinesas devem travar na próxima década pela liderança em setores estratégicos da indústria de TI. A conferir.