Quem estava ansioso para fazer compras na Black Friday, na semana passada, se decepcionou. Em vez de grandes descontos, o consumidor encontrou promoções de artigos antigos, de ponta de estoque.
O resultado foi que o varejo físico amargou vendas 13,2% menores no final de semana da data promocional em relação aos mesmos dias da Black Friday de 2021, segundo dados da Serasa Experian. Com isso, as ações de varejistas abriram o dia no vermelho hoje na Bolsa de Valores de São Paulo. Mas logo mudaram a direção e passaram a subir.
“O varejo não teve oxigênio para fazer uma grande Black Friday”, diz o especialista no setor de varejo e sócio da Varese Retail, Alberto Serrentino. Veja abaixo o que aconteceu no comércio e como ficam as ações.
Como ficaram as ações? Na segunda-feira (28), as ações das Lojas Americanas (AMER3) caíram 9,68%, cotadas a R$ 9,89. A dona das Casa Bahia, a Via (VIIA3) caiu 6,70% e Magazine Luíza perdeu 3,22%.
Nesta terça-feira (29), elas abriram o pregão em queda, mas por volta do meio-dia passaram ater alguma recuperação. Por volta das 14h30, Via subia 1,91% para R$ 2,13. MGLU3 subia 2,11% para R$ 3,39. Americanas valorizava 4,04% para R$ 10,29.
Por que a Black Friday decepcionou? Com menos dinheiro no bolso da população, os juros em alta e também a coincidência de calendário com a Copa do Mundo, as lojas não se empolgaram para investir na data.
“Era previsível que as promoções não fossem boas por conta dos juros altos, crédito apertado, com custo maior, prazo menor e parcelas mais altas, o que deprimiu o consumo de bens duráveis e são eles – os eletrônicos, telefonia, informática – que puxam o volume da Black Friday”, explica Serrentino.
Além do varejo estar mais conservador, as lojas estavam com estoques mais enxutos.
Como foram as vendas digitais? Com o comércio online não foi diferente. Na sexta-feira (25), foram R$ 3,1 bilhões em transações no e-commerce, segundo levantamento da página Hora a Hora, da Confi.Neotrust em parceria com a ClearSale. Ou seja, houve queda de 28% em comparação ao ano passado. No sábado, o faturamento foi 4,3% menor.
“No geral, as vendas foram 30% menores. O mercado tinha uma expectativa de um total de R$ 4 bilhões em vendas e o resultado foi ainda mais baixo, ficando em torno de R$ 3,5 bilhões. Por isso as ações de varejistas caíram tanto”, explica Gabriel Meira, analista da Valor Investimentos em Vitória (ES).Respiro nos supermercados
Houve um setor do varejo, porém, que se deu melhor. “O comércio de bens não duráveis, alimentos, bebidas, cosméticos”, fez maiores promoções e teve um resultado melhor”, diz Serrentino. Tanto que ações do setor, como as do Carrefour (CRFB3), caíram menos. No pregão da segunda-feira 28, elas tiveram queda de 0,44%, cotadas a R$ 15,69.
E como ficam as ações daqui para frente? Não deve haver mudança no comportamento do mercado, mesmo com o Natal se aproximando, diz Meira. “Claro que o cenário do Natal é mais favorável, porque não vai ter jogo da Copa para esvaziar as lojas e tem o 13º salário. Mas os juros continuam altos e a renda em baixa”, afirma.
Para ele, quem tem ações de varejo, deve aguardar, sem vender. Quem não tem, pode até comprar para aproveitar o preço baixo, como vem acontecendo no mercado hoje. “Mas só se houver sobra de caixa. E comprar pouca coisa. Por que não tem nada de efetivo que faça o ambiente mudar. A expectativa é que os juros continuem no mesmo patamar no ano que vem”, afirma ele.