Recém-chegado ao catálogo brasileiro da Netflix, Pinóquio se destaca pela inconfundível (e icônica) estética de Guillermo del Toro. Produzido em stop-motion, o filme é bem diferente da animação da Disney, lançada em 1940. Sendo assim, quais são as maiores diferenças entre o filme de Del Toro e o desenho original?
“Nesta incrível animação musical em stop-motion, o cineasta vencedor do Oscar Guillermo del Toro reinventa o clássico conto do boneco de madeira que ganha vida”, afirma a sinopse oficial de Pinóquio na Netflix.
O elenco de Pinóquio conta com Ewan McGregor (Obi-Wan Kenobi), David Bradley (Game of Thrones), Tilda Swinton (Doutor Estranho), Finn Wolfhard (Stranger Things) e Christoph Waltz (Django Livre).
Revelamos abaixo as maiores diferenças entre o Pinóquio da Netflix e a animação da Disney; confira! (via Looper).
Pinóquio de Del Toro se passa na Itália Fascista
Uma das principais diferenças entre a animação da Disney e o filme de Guillermo del Toro é a ambientação. A trama do filme original se passa em uma Itália bucólica, marcada por elementos de commedia dell’arte e dicas visuais relacionadas ao fim do século XVIII e início do século XIX.
Já a produção da Netflix é ambientada em uma Itália declaradamente fascista, na década de 1930. O objetivo de Del Toro é justamente vincular a magia de Pinóquio ao violento governo fascista que dominava a Península Italiana na época (no mesmo estilo do filme O Labirinto do Fauno).
Pinóquio de Del Toro é de stop-motion
Outra diferença importante entre o Pinóquio de Del Toro e a animação da Disney é o fato do filme da Netflix ser produzido inteiramente em stop-motion. O longa da Disney, por outro lado, adota a clássica animação 2D de filmes como Branca de Neve e Fantasia.
A produção de stop-motion, hoje em dia, é quase uma arte perdida. Afinal de contas, os filmes que utilizam esse método são caros, custosos e difíceis de fazer. O estilo stop-motion, para quem não conhece, é aquela clássica estética de filmes como A Noiva Cadáver, O Estranho Mundo de Jack e James e o Pêssego Gigante.
Uma magia diferente
No filme da Disney, lançado em 1940, a magia é parte essencial da história. É pelo feitiço da Fada Azul que Pinóquio ganha vida, e a partir daí, passa a viver aventuras mágicas com animais falantes, insetos inteligentes, circos itinerantes e outros aspectos místicos.
Com a produção da Netflix, por outro lado, o objetivo de Guillermo del Toro é firmar a história de Pinóquio na realidade. É por isso que a magia assume um papel bem menos importante no novo filme. Na verdade, o Pinóquio de Del Toro é bem mais relacionado ao “realismo fantástico”.
Pinóquio é desobediente
A ambientação de Pinóquio, que se passa na Itália Fascista, também modifica a própria natureza do boneco. Segundo Del Toro, a versão original da história, contada no filme da Disney, tem o objetivo de ensinar as crianças a serem honestas, obedientes e confiáveis.
No novo filme, por outro lado, Pinóquio é bem mais desobediente e bagunceiro. A rebeldia é parte essencial da caracterização do personagem. Com essa mudança, a intenção de Del Toro é mostrar que “a obediência cega não é uma virtude” e que a conformidade não é necessariamente um motivo de celebração.
O visual do Pinóquio é bem diferente
Em (quase) todas as versões do Pinóquio, o protagonista titular é caracterizado como um boneco quase idêntico a uma criança real. O personagem é, basicamente, um garotinho de verdade com alguns elementos de fantoches no visual.
Já no novo filme, Pinóquio é, literalmente, um boneco de madeira. O protagonista não se parece em nada com os humanos, e por isso, sua aparência chama muita atenção. Segundo Del Toro, o design do novo Pinóquio é bem mais “artesanal” que o de suas contrapartes anteriores.
Pinóquio de Del Toro é uma história de guerra
Por ser ambientado na Itália Fascista, o Pinóquio de Del Toro conta com uma trama bem mais sombria que a dos filmes anteriores. Sem perder o caráter lúdico, o filme mostra os horrores da guerra e o resultado de governos totalitários e imperialistas.
Na verdade, o Pinóquio de Del Toro pode ser encarado como um alerta sobre os perigos do fascismo. Na sociedade atual, essa mensagem é extremamente importante, dada a ascensão da extrema-direita no mundo todo (inclusive na Itália).
Del Toro se inspira no Frankenstein
Para desenvolver a trama, a personalidade e o visual de Pinóquio, Guillermo del Toro se inspirou no clássico filme “Frankenstein”, lançado em 1931 e protagonizado por Boris Karloff. Assim como o Frankenstein de Karloff, o Pinóquio de Del Toro é uma figura um tanto quanto trágica.
“Sempre fiquei muito intrigado com as semelhanças entre Pinóquio e Frankenstein. Ambos as histórias são sobre uma ‘criança’ que é lançada ao mundo. Os dois são criados por um pai que espera que eles descubram o que é bom, o que é ruim, a ética, a moral, e tudo mais por conta própria”, afirmou Del Toro.
O Pinóquio de Guillermo del Toro já está disponível na Netflix.
Sobre o autor
Alexandre Guglielmelli
Formado pela PUC Minas, sou especialista em filmes de terror, reality shows e cultura pop. Nas horas vagas, gosto de escrever e oferecer indicações de filmes e séries para os amigos.