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Após largar governo, Bolsonaro ressurge quando tema é golpe ou terror

Após a derrota para Lula, Bolsonaro desapareceu da vida pública, apesar de continuar recebendo R$ 30.934,70 para ser presidente da República até 31 de dezembro. Nesta reta final de seu governo, ele ressurge apenas quando o assunto é o golpismo e o terrorismo perpetrados por seus seguidores, fomentados por aliados e que contam com a chancela do seu silêncio.

Jair nunca foi, de fato, um governante strictu senso, tendo se dedicado à própria reeleição durante os quatro anos de seu mandato. Mas, desde o segundo turno, ele parou de dar declarações, mesmo toscas e sem sentido, sobre economia, educação, saúde, relações internacionais, agropecuária e indústria, segurança pública, entre outros temas, simplesmente porque abandonou a gestão.

Neste momento, está mais preocupado em garantir a influência sobre os seus seguidores mais radicais no ano que vem, em buscar formas de atazanar a vida de Lula e em encontrar maneiras de evitar que seja processado e preso após deixar o poder por qualquer uma das razões que constam na imensa capivara que redigiu para si mesmo.

(Não significa que o seu governo acabou, ressalte-se. Por exemplo, a fiscalização ambiental continua sucateada e praticamente proibida de atuar, gerando altas taxas de desmatamento. A pane seca na administração pública porque ele usou bilhões comprando votos é outro exemplo.)

Mas seu nome reaparece quando o assunto são os atos golpistas inspirados por ele e executados por seus apoiadores, que acampam nas portas de quartéis ou bloqueiam rodovias.

E, agora, com as ações terroristas, como as dos bolsonaristas que tentaram invadir a sede da Polícia Federal, jogaram paus e pedras em agentes de segurança, deixaram carros e ônibus incendiados e espalharam o terror, entre a população de Brasília, na noite desta segunda (12).

Supostamente, queriam libertar um indígena bolsonarista preso a pedido da PGR, indo, claro, contra a lei. Na prática, desejavam manifestar seu ódio contra a diplomação de Lula, ocorrida horas antes.

Apesar da própria polícia apontar que seguidores do atual presidente estavam por trás dos ataques, apesar de vídeos deixarem claro que eles estavam por trás dos ataques, aliados de Bolsonaro vendem a versão risível de que foram infiltrados de esquerda que proporcionaram as cenas de barbárie.

Isso demonstra um misto de cara de pau e covardia infantil, que suja a fralda e não tem maturidade de admitir isso.

As provas que bolsonaristas dizem ter de tais infiltrados provavelmente têm a mesma qualidade daquelas com as quais eles acusaram as urnas eletrônicas de fraude. Provas que têm como origem “vozes da própria cabeça”.

Bolsonaro deve se manifestar, mais cedo ou mais tarde, para defender a tese absurda, porque é isso o que ele faz.

A falta de repúdio desses atos, representado pelo silêncio do atual presidente, contudo, é um sinal de apoio a esse tipo de ação terrorista. Que merece ganhar tal alcunha e difere de outros protestos violentos porque tem como objetivo final um golpe de Estado, ou seja, a morte do Estado democrático de direito.

Bolsonaro gosta do que está acontecendo e gostaria de ver as cenas se repetirem em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Manaus, Florianópolis, Recife… Não bastasse deixar as contas públicas do país em caos no final do governo, quer o caos nas ruas para que Lula assuma sobre um país ruínas.

Desde que ele, Jair, possa gargalhar sobre os escombros.

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