Com a promessa quase mágica de “fritar sem óleo”, a air fryer já está em muitas cozinhas brasileiras. Mas elas ainda dividem opiniões: há quem não viva sem e quem despreze o aparelho.
A Xiaomi agora tenta atrair mais entusiastas para a causa, unindo funções inteligentes em sua Mi Smart Air Fryer. Ela é bonita, silenciosa e cozinha muito bem. Mas o que uma air fryer conectada pode fazer a mais que as outras? Vale o maior investimento? É o que este review tenta responder.
Prós
- Controle pelo celular
- Chega a baixas temperaturas
- Boa potência
- Compacta
- Silenciosa. Às vezes é preciso checar o visor para ter certeza de que está funcionando.
Contras
- Funções inteligentes/por voz são limitadas
- Pequena para uma família maior
- Apenas 220V
Descongela, desidrata e faz iogurte
Uma air fryer não é exatamente uma fritadeira como o nome sugere, mas sim um pequeno forno com ar quente circulando. O segredo para bons resultados é a regulagem de temperatura e de tempo de cozimento.
Para mim, o maior trunfo da Mi Smart não foram as funções inteligentes. A sua capacidade de atingir temperaturas mais baixas e precisas do que as concorrentes, entre 40°C e 200°C, foi o que me conquistou. Para comparação, a maioria dos modelos vendidos, incluindo a que eu tenho, uma Midea Liva, trabalha entre 80°C e 200°C.
Esses 40 graus fazem diferença: é possível descongelar alimentos, desidratar frutas, fazer carne seca e até iogurtes.
Dá para deixá-la até 24 horas ligada, operando entre 40°C e 80°C. Nessa faixa, o motor também gira mais devagar (1.800 rpm), permitindo um cozimento ainda mais delicado.
Testei o iogurte e deu super certo. Mas demora: cerca de oito horas com a air fryer ligada constantemente a 40°C, para transformar um litro de leite em iogurte. Em vez de usar fermento lácteo, como manda a receita tradicional, peguei um atalho misturando um potinho de iogurte industrializado (natural integral, não adoçado) ao leite; levou “apenas” sete horas para chegar na consistência cremosa que gosto.
A parte mais difícil foi achar um refratário que coubesse certinho dentro do cesto.
Pratos tradicionais
Entre os 80°C e os 200°C, com o motor em força total (2.600 rpm), ela faz tudo que já estamos cansados de saber: batatas, legumes, carnes, bolos. O resultado é muito bom e crocante, parecido com o da minha Midea — ambas tem potência de 1500 W.
Aliás, este é um fator muito importante na hora de se escolher uma air fryer; os modelos mais baratos do mercado, em geral, têm 1200 W, o que significa um rendimento consideravelmente pior (demora mais para esquentar e assar, e não há tanta crocância).
Como em todo aparelho deste tipo, você precisará de algumas semanas de adaptação com a Mi Smart, com tentativas e erros. A carne pode ficar passada demais, o bolo pode não crescer tanto… mas, assim que acertar, verá que consegue fazer essas coisas bem mais rápido que no forno e com qualidade comparável.
O lado “smart” da Air fryer
Bom, se é “smart”, vamos usar estes recursos. É preciso baixar o Xiaomi Home app em seu smartphone e conectar a air fryer em seu wi-fi; é bem fácil de fazer mas não é uma obrigação para ela funcionar (sem a conexão, ela pode ser usada da maneira convencional, manualmente pelo botão).
As funções disponíveis no aplicativo são direto ao ponto — mas um pouco limitadas, na minha opinião.
Há, basicamente, 8 programas de cozimento (batata frita, asinha de frango, peixe, bife, camarão, vegetais, bolo e fruta seca/baixa temperatura), 100 receitas mais elaboradas com passo a passo (com a opção de criar a sua), e a possibilidade de definir o momento de operação do aparelho.
O recurso mais útil creio que seja o monitoramento do preparo pelo app. Quando ficar pronto, o sistema avisa.
Dá também para ver quanto tempo falta para terminar o processo, alterar a temperatura, adicionar mais alguns minutos, pausar ou desligar o programa a qualquer momento.
Ela também pode ser conectada ao Google Assistente e à Alexa, liberando o controle por voz. Mas os únicos pedidos possíveis são “ligar” e “desligar”. É meio complicado de ativar e não serve para muito — dispensável.
Faz comida enquanto você não está
Um benefício que a “inteligência” desta air fryer traz é a possibilidade de programar um horário para que ela ligue e desligue, mesmo a distância. Dá para fazer com que ela te espere chegar do trabalho com um prato quentinho, ou que você já acorde com pães de queijo prontos.
Basta fazer o agendamento pelo aplicativo — e, claro, lembrar de colocar a comida lá dentro com antecedência. Eu não cheguei a fazer isso; não me atrai muito a ideia de deixar comida em temperatura ambiente por algumas horas quase no verão brasileiro. Também não acho que o ganho de tempo seja relevante.
Mini tela OLED
Air fryers em geral são meio desengonçadas e difíceis de encaixar em nossa cozinha. Mas a Mi Smart é bem bonita, leve (3,9 kg) e compacta.
Com design minimalista, tem apenas um botão, que gira para fazer a seleção e também é uma tela OLED redondinha interativa — bem pequena, diferente do display digital da Airfryer High Connect, da Philips Walita, que também testamos.
Enquanto o alimento está sendo preparado, a pequena tela mostra quanto tempo falta e também exibe alguns anúncios; por exemplo, quando se faz batatas fritas, na metade do processo há apitos e o aviso de que está na hora de “virar”, para garantir crocância por igual.
Eu sou um pouco à moda antiga, e gosto dos dois botões físicos (tempo e temperatura) e das sugestões de programa para cada alimento escritas na frente da minha Midea velha de guerra. Mas foi bem interessante usar a modernidade. O seletor digital permite uma seleção de temperaturas exatas (tipo, 95 graus), o que não é tão preciso em um analógico.
Desligamento pelo cesto
Outro detalhe crucial na hora de escolher uma air fryer, mas que não tem a ver com a inteligência, é o cesto. Além do tamanho ideal para sua família e hábitos (se for pequeno demais, você precisará fazer diversas fornadas, o que acaba com a praticidade e economia de energia), ele precisa ter um bom revestimento antiaderente e ser fácil de limpar.
O fundo perfurado do cesto da Mi Smart é removível e vai até na lava-louças. Além disso, eu gosto do recurso de desligamento pelo cesto. Ou seja, que a air fryer interrompa o funcionamento quando você puxa o cesto e volte a operar automaticamente quando você o recoloca.
Assim, dá para facilmente espiar e monitorar o cozimento (além de ser mais seguro). A minha já faz isso — e, felizmente, a Xiaomi também.
O cesto é relativamente pequeno, com capacidade de 3,5 litros. Por isso, não é ideal para famílias maiores.
Há uma interessante grelha incluída, capaz de dobrar a capacidade da air fryer: instalada “flutuando” na metade do cesto, ela age como uma divisória, permitindo fazer duas camadas de alimentos mais “finos”, como hambúrgueres e filés.
Mesmo se não for empilhar, ela pode ser usada para deixar carnes com “marquinha” e assadas mais igualmente — fiz um filé de peixe que nem precisou ser virado; nuggets, porém, grudaram um pouco a casquinha empanada na grelha.
Vale o investimento?
A Xiaomi Mi Smart cozinha muito bem, mas — é claro — custa quase o dobro do que air fryers com tamanhos e potências similares por ter recursos “smart”. Nos canais oficiais, a Mi Brasil e a Polishop, ela sai por R$ 1.200.
Na Amazon, é possível encontrá-la por R$ 900, o que a torna uma opção bem interessante — a air fryer inteligente mais barata do mercado.
O que pode ser um problema para alguns brasileiros é que ela só chegou na versão 220v. Se sua casa for 110v, você precisa ter uma tomada 220v ou usar um transformador, o que não é muito prático.
A sua escolha deve se basear se você irá usar as funções inteligentes. Elas vão mesmo facilitar sua vida? O ponto de cozimento a baixas temperaturas será útil em seu dia a dia? O tamanho é suficiente para sua casa/família?
Se as respostas forem sim, e você tiver esta grana para gastar, a Mi Smart Air Fryer é sua escolha óbvia.