A versão tropical do Capitólio ganhou ares de bolsoterrorismo. Rodovias voltaram a ser bloqueadas no final de semana por manifestantes lobotomizados pelas redes sociais bolsonaristas e financiados pelo agrogolpismo e outras fontes de fanatismo endinheirado. Os novos bloqueios, mais violentos do que os anteriores, desafiam a autoridade do Supremo Tribunal Federal e testam a resistência da democracia brasileira.
As erupções de bolsoterrorismo ocorrem nas pegadas da ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal para que fossem bloqueadas as contas bancárias de 43 empresas e empresários suspeitos de financiar atos de contestação ao resultado das urnas. Tomada em segredo no dia 12 de novembro, a ordem de Xandão só ganhou as manchetes na quinta-feira da semana passada. Neste domingo, alvos mato-grossenses do ministro começaram a receber a visita de rapazes da PF.
No início da noite de domingo, a Polícia Rodoviária Federal contabilizava 12 interdições parciais e nove bloqueios totais de estradas federais —a maioria no Mato Grosso. Na BR-163, entre as cidades mato-grossenses de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, dez em homens encapuzados destruíram um posto de pedágio, uma ambulância e um caminhão-guincho.
Em Rondônia, houve violência nas cidades de Vilhena e Ariquemes. Na primeira, oito manifestantes foram em cana. Na segunda, pelos menos seis veículos de um supermercado foram destruídos e incendiados. Houve mais uma prisão. A violência é estimulada pela erisipela, uma infecção na perna que afetou a língua de Bolsonaro. O silêncio do presidente anima as erupções de violência que infeccionam a democracia. Contra o bolsoterrorismo, o melhor antibiótico e a prisão dos financiadores.