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Buraco negro mais perto da Terra é descoberto. Por que agora?

Buraco negro mais perto da Terra é descoberto. Por que agora?

Recentemente, uma notícia correu as redes avisando que astrônomos haviam encontrado o buraco negro mais próximo da Terra já observado, a “apenas” 1.500 anos-luz de distância.

Ora, se está tão perto, por que não o havíamos detectado antes?

A pergunta faz todo o sentido, mas a resposta não é tão simples quanto possa parecer. A começar pela observação de buracos negros. Como podemos detectar um objeto que não emite nenhuma luz?

Primeiramente, é importante lembrar que o buraco negro pode não emitir luz, mas a matéria ao seu redor, sim. Na verdade, é assim que detectamos a grande maioria de buracos negros.

A começar pelos buracos negros supermassivos, encontrados nos centros da maioria das galáxias. Esses monstros cósmicos podem ter milhões ou até mesmo bilhões de vezes a massa do Sol, e frequentemente possuem também um disco de gás e poeira ao seu redor. Devido à enorme força gravitacional do buraco negro, essa matéria é acelerada e aquecida a temperaturas de milhões de graus Celsius.

É esse disco que muitas vezes indica a presença de um buraco negro para os cientistas. Como um farol: uma fonte luminosa que avisa da presença de algo subjacente.

Esse mesmo raciocínio vale para os buracos negros menores, de massas mais parecidas com o nosso Sol.

Esses irmãos menores dos supermassivos se formam de maneira diferente, sendo o remanescente da morte das maiores estrelas. Por isso mesmo não precisam estar no centro de galáxias, mas pode haver vários deles espalhados por uma mesma galáxia.

Ao mesmo tempo, por serem muito menores, são muito mais fracos, e não podemos enxergá-los em galáxias a bilhões de anos-luz de nós. De forma geral, vemos sobretudo os buracos negros estelares em nossa própria galáxia, a Via Láctea.

Dito isso, agora podemos explicar: o buraco negro Gaia BH1 não emite luz dessa forma. A única maneira que temos de observá-lo é acompanhando o movimento de uma estrela vizinha.

Esse movimento é pequeno, e não é fácil concluir que é um buraco negro que estamos vendo. Afinal, se não há nenhuma emissão, precisamos antes excluir qualquer outra hipótese de um objeto mais fraco que esteja fugindo à nossa detecção direta.

Assim, apenas através da observação cuidadosa da órbita da estrela companheira, a equipe liderada por Kareem El-Badry (da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e do Instituto Max-Planck para Astronomia, na Alemanha) pôde determinar que havia ali um objeto com aproximadamente 10 vezes a massa do Sol. Isso seria grande demais para ser tão escuro, e a única explicação possível era um buraco negro.

O mais bacana da história é que a equipe usou dados do telescópio espacial Gaia, especializado em acompanhar o (quase imperceptível) movimento das estrelas no céu ao longo dos anos.

Analisando os dados com cuidado, quem sabe não encontraremos ainda mais buracos negros na nossa vizinhança?

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