O Twitter Blue, serviço de assinatura da rede social, quebrou uma regra de anos da companhia: o uso do selo azul de verificação de conta para indicar que o perfil de celebridades, governos, imprensa e figuras públicas era mesmo oficial. Agora praticamente qualquer pessoa que pagar pode ter essa identificação.
No Brasil, ela custa R$ 42 por mês, para o uso na versão web, e R$ 60, para iPhone ou Android, desde o início de fevereiro. Vale a pena? Tilt ouviu três brasileiros para entender como tem sido a experiência até agora.
“As pessoas pensam que você paga só pelo selinho azul, mas a cereja do bolo mesmo é o impulsionamento [dos tuítes]“, diz Ferllen Fokker, 39, que trabalha com tecnologia da informação.
Destaques do Twitter Blue
- Ganhou vida em novembro do ano passado. A partir dele a verificação de contas passou a ser cobrada.
- O selo azul é liberado após uma revisão do Twitter.
- Dá para editar e desfazer publicações.
- Compartilhar vídeos e textos mais longos.
- Ter pastas com itens salvos.
- Camada extra de segurança para a conta.
- Customizar página e informações destacadas na barra de navegação.
- Assinantes têm acesso antecipado a recursos que serão lançados depois para os demais.
Mais engajamento — mas não para todos
O trio conta a Tilt que foi atraído para o Twitter Blue mais pelos recursos extras (veja mais a seguir) do que pelo selo azul de verificado. O resultado inicial: mais seguidores para dois dos entrevistados.
“Acho que ganhei uns 1.000 no último mês. Eu tinha uns 300 quando assinei”, conta Fokker, que mora no Canadá e é dono do perfil @ferllenaf.
“Antes do Twitter Blue o recorde de likes numa publicação minha tinha sido uns 500. Agora eu tenho vários com 10 mil, 20 mil e até 30 mil”, completa.
A experiência do analista de projetos digitais Mateus Fuhr, 29, tem sido parecida. Ele diz ter conseguido 1.000 seguidores em dois dias a partir de uma thread (que integra um conjunto de tuítes) sobre receitas em cima de um vídeo publicado na conta que gerencia, a @vegetacil – atualmente com 16,3 mil seguidores.
“Recentemente decidi mudar o meu conteúdo para algo mais ‘construtivo’ postando indicações de filmes, séries, animes, mangás e receitas. Acredito que, além da melhoria do meu conteúdo, o Blue teve um papel muito importante nessa exposição ‘extra’, que supostamente assinantes ganham”, conta ele.
Fuhr acredita que passou a receber convites de marcas para parcerias diante da maior visibilidade “[Não está] nada consolidado ainda, mas antes nunca tinha recebido esse tipo de proposta”, completa.
Já para o advogado Tauat Resende, 31, nada muito grande aconteceu. Ele obteve o selo azul em 14 de fevereiro para um perfil que soma atualmente 33,9 mil seguidores: “vou fazer um teste de três meses. Quero saber se o alcance e o engajamento melhoram. Nesse primeiro momento não senti nenhuma diferença.”
Fuhr também irá avaliar se continua com o plano pago. “No momento eu tenho condições de manter essa assinatura desnecessariamente cara. Vou testar mais um mês, se não trouxer mais resultado, eu não pretendo renovar.”
Oficialmente, o Twitter não detalha a relação entre o Twitter Blue e a maior exposição das contas que assinam o serviço.
Recursos novos do Twitter Blue
Edição de tuítes
Segundo a plataforma, a edição de um tuíte pode ser feita dentro de até 30 minutos e permite alterações no texto escrito, marcar uma pessoa ou reordenar a mídia anexada. No momento, ele só se aplica a tuítes originais e tuítes com comentários.
“Eu curti a ferramenta de não publicar o tuíte imediatamente, aí dá tempo de você editar se precisar. Já me ‘salvou’ umas três vezes porque tinham erros no texto”, lembra Fuhr.
Dá ainda para cancelar a publicação antes de ela ficar visível aos outros usuários do Twitter: “não é um botão de edição, mas sim uma chance de visualizar e revisar antes de ser publicado para todos verem”, explica a plataforma em seu site.
Quando o período termina, o tuíte fica visível aos seguidores, e o usuário pode sair dele ou excluí-lo, como faria normalmente no Twitter.
Vídeos e textos mais longos
Quem paga o pano pode carregar vídeos com duração de até 60 minutos e arquivos de até 2GB (resolução de 1080p). A funcionalidade foi usada por Fokker, que também percebeu aumento no engajamento de suas publicações.
“A visibilidade dos meus posts aumentou. Por US$ 8 (valor pago no Canadá; algo como R$ 41,05) é uma pechincha, porque em outras plataformas você tem que pagar absurdo de impulsionamento por post caso queira algo similar”, conta Fokker.
Outro atrativo é a possibilidade de compartilhar textos com até 4 mil caracteres, segundo os entrevistados. A opção também é válida no caso de o assinante responder ao tuíte publicado por outra pessoa. Usuários sem o plano de assinatura podem escrever até 280 caracteres.
“Acredito que para certos perfis e produtores de conteúdo seja muito útil, aí não precisa picotar o texto em 20 tuítes”, diz Fuhr.
Pastas de itens salvos
A funcionalidade permite agrupar e organizar tuítes salvos em pastas, para encontrá-los rapidamente depois. Não há limite para itens e pastas salvos – e todo conteúdo é privado, de acordo com a empresa.
Autenticação em duas etapas via SMS
Esse é polêmico. O Twitter limitará aos usuários do plano pago uma camada extra de segurança — a chamada autenticação em dois fatores via SMS — usada há anos na rede social.
Com isso, só quem pagar terá o recurso adicional para entrar na conta usando além da senha de cadastro inicial.
“Achei ruim porque passaram a cobrar por algo mínimo que garante maior segurança aos usuários”, afirma Tauat Resende.
Conversas priorizadas
Respostas de assinantes do Blue a tuítes com os quais a pessoa interagiu ficam mais visíveis.
“Em alguns tuítes eu testei deixar um reply [resposta] genérico. Recebi muito mais likes que os não assinantes”, destaca Fuhr.
Navegação customizada
É possível que o usuário escolha o que é exibido na barra de navegação, para que tenha acesso rápido ao conteúdo e aos temas do Twitter que mais lhe interessam. Dá para selecionar no mínimo dois itens – e no máximo seis – para manter na barra de navegação inferior.
Vale a pena?
Depende muito do quanto você usa o Twitter e a plataforma significa para você. Como já deu para ver, só o selo azul de verificação não representa tanto nessa virada de funcionamento da rede social.
O plano de assinatura também é algo novo. A tendência é que ele vá se modificando aos poucos (ficando melhor ou pior, ainda é cedo para saber).
Se bateu uma curiosidade e você tem dinheiro para pagar, vá com uma ideia bem clara de que é um teste. Não há garantias de retorno de mais seguidores e de engajamento de forma imediata.
E é importante dizer o Twitter informa em seu site que nem todas as funcionalidades estão disponíveis em todos os países e plataformas. “Os recursos do Twitter Blue podem mudar periodicamente, à medida que continuarmos melhorando o serviço”, completa.