Os táxis autônomos já começaram a fazer parte da rotina de algumas pessoas em San Francisco, nos Estados Unidos e, com isso, vieram à tona problemas que antes ninguém imaginou que poderiam ocorrer. Um deles vem chamando atenção: os passageiros que cochilam.
De acordo com a revista Wired, uma carta assinada pela Agência de Transporte Municipal de San Francisco, pela Autoridade de Transporte do Condado de San Francisco e pelo Gabinete do Prefeito, enviada à Comissão de Serviços Públicos da Califórnia, afirmou que nos últimos dois meses foram registrados três incidentes envolvendo passageiros que dormiram enquanto realizavam seus trajetos.
Segundo a carta, a polícia e os bombeiros foram acionados pelos carros autônomos após os passageiros não responderem a um chamado por meio de um link de voz bidirecional instalado no veículo.
Quando as autoridades abordaram o veículo, encontraram apenas um passageiro tirando um cochilo e desfrutando do conforto do carro.
Um dos trechos da carta reclama que os recursos utilizados para atender chamados não emergenciais, como nos casos de passageiros cochilando em carros autônomos, prejudicam a disponibilidade para pessoas que realmente precisam de um atendimento urgente.
Em sua publicação, a Wired afirma que a carta faz parte de uma série de reclamações que os funcionários das agências de transporte têm relatado após a Waymo, da Alphabet, e a Cruise, da GM, que atualmente operam os robotáxis em San Francisco, solicitarem ampliação da frota.
As autoridades das cidades alegam que a tecnologia ainda não está totalmente pronta para atender a demanda.
Outros incidentes
Além de denunciar a falha sobre os passageiros que estavam cochilando, as agências ainda relatam que por duas vezes carros autônomos da Cruise atrapalharam a ação dos bombeiros e demais problemas no trânsito.
- Em um dos incidentes, ocorrido em junho de 2022, um veículo da empresa passou por cima de uma mangueira de incêndio que estava sendo utilizada em uma ocorrência, “uma ação que pode ferir gravemente os bombeiros”, diz a carta.
- No segundo incidente envolvendo o carro da Cruise, os bombeiros estavam apagando um incêndio de grandes proporções quando o veículo se aproximou. Os agentes tentaram impedir que o carro sem motorista passasse por cima das mangueiras, mas não obtiveram sucesso, sendo preciso quebrar a janela frontal do Cruise AV para fazê-lo parar.
- Em outros casos, veículos autônomos pararam repentinamente em uma via e impediram a passagem de ônibus, o que ocasionou atraso nos serviços.
- Houve ainda um incidente no qual os policiais da cidade ficaram sem saber como proceder com um carro autônomo que estava cometendo uma infração de trânsito. Enquanto os policiais discutiam as ações que seriam tomadas, o carro simplesmente deixou o local.
Segundo o Wired, as agências de San Francisco dizem ter rastreado 92 incidentes entre maio e dezembro do ano passado, nos quais veículos autônomos fizeram paradas inesperadas em faixas de trânsito.
Além de relatar os incidentes, as autoridades ainda solicitam que as empresas sejam obrigadas a compartilhar informações sobre o desempenho de seus carros autônomos, como o número de quilômetros percorridos e as contagens de paradas inesperadas ou não planejadas, antes de expandir os serviços.
Empresas querem expandir operação
A Cruise pede ao estado da Califórnia a liberação para pegar passageiros na maioria das vias de San Francisco, além de querer aumentar sua frota de 30 para 100 veículos.
Apesar dos incidentes, as agências não se mostraram contrárias à continuidade dos testes dos veículos. Contudo, ponderaram que Waymo e Cruise devem continuar a fase de testes e solicitaram que a expansão das atividades ocorra de modo cuidadoso e com condições que criem “o melhor caminho para a confiança do público na automação motriz e o sucesso da indústria em São Francisco”.
Ainda não há leis que regem a implantação de carros autônomos em vias públicas nos Estados Unidos.
Na Califórnia, a permissão para testar ou implantar um carro autônomo é concedida pelo Departamento de Veículos Motorizados e a autorização para usar esses carros como robotáxis de cobrança de tarifas vem da Comissão de Serviços Públicos.