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Uso de IA para colar faz escolas retomarem lápis e papel em provas

Uso de IA para colar faz escolas retomarem lápis e papel em provas

Ao mesmo tempo que o uso da tecnologia pode aprimorar o ensino nas escolas, algumas instituições estão voltando a adotar provas em papel e caneta. O motivo é que alguns alunos estão usando ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA), como o robô de conversas ChatGPT para burlar exames.

Essas plataformas já são capazes de gerar redações completas sobre assuntos variados em questão de minutos. Para piorar, as “colas” ficam difíceis de serem detectadas — ao menos, por enquanto.

A decisão de retomar materiais tradicionais foi observada em instituições de ensino em cidades como Nova York (EUA), Londres (Inglaterra) e em universidades Australianas.

O que está rolando

Para entender melhor, o ChatGPT é uma plataforma que permite que usuário “converse” com uma inteligência inteligência artificial por meio de texto. E essa é uma interação de duas vias, já que a IA também aprende com as respostas e otimiza a interação com os humanos.

É um sistema desenvolvido pela OpenAI (que teve como cofundador Elon Musk) com modelo de linguagem GPT-3 e que chamou atenção nas redes sociais durante 2022.

Alguns analistas tem visto a plataforma como um possível rival do Google quando o assunto é obter respostas de forma prática e direta para quase qualquer tema. A estrutura de diálogo tem suporte, inclusive, para o português do Brasil e é gratuita para uso online.

Impacto da IA na Austrália

Na Austrália, a popularização da IA fez necessária uma revisão geral na forma de avaliação letiva de 2023 no grupo Go8 (Group of Eight), que integra as principais Universidades de pesquisa do país.

O objetivo é encontrar novos métodos eficientes para evitar que os alunos usem a IA ao invés dos próprios conhecimentos. Sendo assim, as instituições tendem a apelar tanto para modelos clássicos, como o uso de lápis e papel, quanto para outras medidas de segurança, como a realização de exames supervisionados.

Na Universidade de Sidney, por exemplo, o uso de qualquer conteúdo gerado por IA já é considerado uma trapaça. “O redesenho da avaliação é fundamental, e esse trabalho está em andamento para nossas universidades, à medida que buscamos nos antecipar aos desenvolvimentos da IA”, explica Matthew Brown, vice-presidente-executivo do grupo Go8.

Já a Universidade Nacional Australiana alterou a forma como os exames serão realizados, saindo um pouco do mundo digital. As atividades se concentrarão em trabalhos de campo e nos laboratórios, com mais apresentações presenciais e orais de cada aluno.

Londres e Nova York

Em Londres, uma das alternativas cogitadas é privar os estudantes de acessarem a internet durante as provas ou, ainda remodelar as avaliações.

A luz de alerta acendeu após um acadêmico lançar no sistema IA uma pergunta de um dos exames. O resultado foi surpreendente: o recurso de chatbot respondeu de forma coerente, dando detalhes sobre pontos específicos.

Já em Nova York, a solução foi mais radical: plataformas como o ChatGPT foram banidas de todos os dispositivos nas escolas públicas. É possível obter uma liberação em situações especiais, como no caso de turmas que estejam estudando o tema especificamente.

Uma das principais preocupações das instituições é que a ferramenta dá a solução para os alunos sem fazer com que eles pensem. “Ela não desenvolve habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas, essenciais para o sucesso acadêmico e de vida”, explica Jenna Lyle, porta-voz do Departamento de Educação da cidade de Nova York.

Bloqueio polêmico

As mudanças geram divergências. Segundo um especialista em IA consultado pelo jornal britânico The Guardian, ao lutarem contra essas ferramentas de IA, as instituições de ensino estão em uma espécie de “corrida armamentista que eles nunca poderão vencer”, já que o “inimigo” está em evolução constante.

Uma possível solução para isso seria encontrar meios de usar essas soluções como uma ajuda.

“Ao invés de banir o uso desses aplicativos, nós queremos encontrar uma forma para que nosso corpo acadêmico e nossos estudantes usem ferramentas digitais como um apoio ao aprendizado”, disse Romy Lawson, que atua como vice-reitor da Universidade de Flinders, na Austrália.

Do outro lado da história, um porta-voz da OpenAI, responsável pelo ChatGPT, se posicionou de forma sucinta sobre em uma declaração por email para a NBCNews, dizendo que a empresa “não quer que o ChatGPT seja usado para fins enganosos nas escolas ou em qualquer outro lugar”.

E conclui dizendo que a companhia já está desenvolvendo maneiras de que os textos gerados pela ferramenta possam ser identificados.

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