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Alemanha quer ‘parceria forte com o Brasil’ no clima

Alemanha quer ‘parceria forte com o Brasil’ no clima

Acostumada a falar por ativistas de todo o globo para cobrar mais ação de governos no campo da política ambiental, Jennifer Morgan, ex-diretora do Greenpeace, agora percorre o mundo como a voz internacional da política climática alemã.

Em sua primeira visita ao Brasil, encerrada nesta sexta-feira (09/12), Morgan, que ocupa desde fevereiro o posto de Secretária de Estado e Representante Especial da Política Climática Internacional do Ministério do Exterior da Alemanha, diz ter vindo ao país em busca de parcerias fortes.

“Ficamos muito felizes e recebemos muito bem a eleição de Lula no Brasil. O discurso dele na Conferência do Clima (COP 27) e as promessas de acabar com o desmatamento são muito bem-vindas. Nós queremos uma cooperação mais próxima, não só no combate a desmatamento”, disse Morgan durante participação no seminário “Clima e Educação”, realizado pela Embaixada da Alemanha e o Instituto Clima e Sociedade, na última quarta-feira.

Mesmo antes de a equipe de Lula tomar posse, Morgan acha importante iniciar conversas sobre os detalhes da retomada do Fundo Amazônia e não descarta possíveis mudanças no seu funcionamento. Paralisado durante os anos de administração de Jair Bolsonaro, o fundo apoia projetos que combatem o desmatamento e evitam emissões de gases de efeito estufa. Com recursos doados principalmente por Noruega e Alemanha, o fundo ainda tem cerca de R$ 1,5 bilhão em caixa.

A nova legislação aprovada pelos países-membros da União Europeia que veta importação de produtos vindos de áreas desmatadas e obriga as empresas a saberem a origem correta das mercadorias coloca Europa num papel diferente, defende Morgan. Para ela, os consumidores do continente agora têm a oportunidade de fazerem parte da solução, e não do problema.

O desmatamento na Amazônia é a principal fonte de gases de efeito estufa do país, que aceleram as mudanças do clima. A pecuária é apontada como o principal vetor do corte da floresta.

Após o evento, Morgan conversou com jornalistas e respondeu a perguntas da DW Brasil.

DW Brasil: A senhora por muitos anos foi uma voz ativa forte como ativista ambiental, no papel de cobrar governos e agora está no papel de representar o governo alemão fora do país. Como a senhora tem combinado essas experiências e lidado com as expectativas da sociedade civil que a senhora tanto representou?

Jennifer Morgan: É uma tremenda honra e oportunidade trabalhar como enviada especial do governo alemão e trabalhar para a ministra Annalena Baerbock, uma campeã climática. O governo alemão tem como prioridade a ação climática, o compromisso com a meta de manter o aquecimento do planeta a 1,5°C, compromisso com a transformação interna para energia renovável, e também solidariedade internacional. Isso tudo fez com que fosse possível para mim exercer esse cargo, porque esses também são meus objetivos.

Antes de aceitar o convite para assumir esse posto, eu li muitas vezes o acordo de coalizão que o governo alemão assinou. E eu me senti muito conectada a ele. Então eu decidi usar toda a experiência que eu tenho, de muitos anos, e todos nós sabemos o quão vital a sociedade civil é, o quanto ela é importante para provocar mudanças.

E ser essa espécie de ponte, estar do lado dos tomadores de decisão, a maior diferença, eu acho, é o nível de responsabilidade que vem com isso, não só com os jovens ativistas, mas com todos os nossos cidadãos.

DW Brasil: A Alemanha pretende usar usinas movidas a carvão nos próximos meses devido a esse cenário de crise energética trazido pela guerra na Ucrânia. Recorrer a essa fonte fóssil, de alguma forma, compromete as conversas sobre um futuro mais limpo e combate às mudanças climáticas aqui?

O foco principal da Alemanha e o compromisso legal é atingir uma economia neutra em carbono até 2045. É a meta mais ambiciosa de um país desenvolvido no mundo.

O objetivo também é escalonar o uso de renováveis, o que está definido por lei.

Quando falamos sobre carvão, temos o fim do uso dessa fonte previsto por lei para 2030. O que estamos fazendo agora é acionar no duas ou três usinas de carvão para mantê-las em reserva.

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